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Você já reparou que muitas pessoas quando fala do tempo, se refere ao tempo cronológico? Este que demarca a idade que tem, o dia de 24 horas, a semana de 7 dias, e os meses de 30 ou 31 dias? Sem esquecer de fevereiro, que tem 28 ou 29 dias.
Falamos do tempo como se ele fosse uma proporcionalidade estabelecida pelo relógio em uma linearidade, como a régua com medidas exatas e proporcionais.
Porém, há um tempo que não se expressa assim o tempo que permanece dentro de nós. O tempo das coisas que independente do quanto duraram, se muito ou pouco, o chamado tempo quantitativo, deixou em nós marcas profundas e elas não passam.
São essas memórias, essas construções do tempo, que dão significado à existência.
E, aí achei engraçado, porque muita gente gostaria de viver muito tempo. Viver aquele tempo que falamos da régua, da quantidade. Viver 100 anos, ou até mais. Hoje se pode esperar viver muito mais de 80, 90, chegar aos 100.
Há, inclusive, o que vão ultrapassar um século de vida, o que seria improvável a 30 ou 40 anos atrás. Nestes tempos, eram raríssimos os casos dos seres centenários.
Contudo, mas no presente, vai ficando cada vez mais comum manter-se vivo se possível o tempo todo a todo tempo. Há quem diga que o ser humano que viverá para sempre já nasceu. Eu, particularmente duvido.
Inclusive, a eternidade, coisa que desgosto. Considero a palavra eternidade pesada demais. Ser eterno é uma continuidade sem sentido. A não ser que seja possível viver muitas vidas. Vidas finitas nos ajudam a aprender a viver.
E, falando nisso, quantas vidas são necessárias para se aprender? Aonde vamos chegar aprendendo? Se é que vamos chegar a algum lugar.
Porém, se a eternidade fosse numa vida só, o que seria de nós? Será que teríamos respeito com os outros? Será que teríamos dignidade? Será que teríamos uma preocupação em nos educarmos e com a educação? Será que teríamos saudade de alguém que se foi? Será que teríamos esperança? Será que desejaríamos encontrar alguma coisa ou alguém lá na frente?
A eternidade pode ser uma busca, mas talvez seja um problema. Em uma sociedade que precisa de ética e respeito, acredito que a eternidade não faça bem.
E tem um outro dado, muita gente quer viver muito muitos anos, desejam passar dos 100. E, sem dúvida, alguns terão muito a fazer no tempo que viverem, porém, há outros que viverão muito tempo sem ter qualquer utilidade ou serventia. Não será alguém que mereça estar vivo ou viver tanto.
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