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Enquanto alguns consideram que o estudo de Sociologia, Antropologia, História, em fim, disciplinas das áreas de Ciências Humanas, devem ser relegadas a um segundo plano, se esquece da vida em sociedade, sua importância. Hoje há uma defesa de que elas não seriam necessárias para a qualificação do indivíduo em sociedade. A condição em que vivemos mostra o sentido contrário.
Há mais de cem anos, Émile Durkheim, considerado um dos clássicos das ciências sociais, defendia a Sociologia como campo de conhecimento acadêmico. Os profissionais formados pelo ensino superior deveriam ter uma formação apurada sobre o fenômeno social. Como a sociedade se organiza e suas demandas, para o pensador francês, eram fundamentais. O ser humano é a construção da coletividade.
Para Durkheim a solidariedade social é o conjunto de dependência entre seus agentes. Não temos como viver em uma sociedade moderna se não considerarmos a necessidade da função dos demais agentes sociais. Somos e promovemos a vida coletiva. Nossa relação é dentro de um conjunto de fatores determinantes da nossa existência.
Formar um profissional sem que ele tenha compreensão da complexidade é estabelecer uma função às cegas dentro de um corpo social complexo. Somos determinados pelas relações sociais que estamos inseridos. Temos a falsa ideia de que determinamos nossas vidas, fazemos nossas escolhas, mas elas só são possíveis dentro das variáveis que a sociedade oferece.
Se não entendermos o papel que cumprimos na sociedade e as condições em que somos determinados pelo contexto das relações que produzimos, vivemos sem a dimensão do que e como temos relevância. Não contribuímos para que o funcionamento social seja eficiente. Nossa função é executar com eficácia a vida social, mas também contribuir para a melhora das condições particulares e coletivas.
Logo, para quem deseja ver o fim das disciplinas das ciências humanas nas instituições de ensino, deve pensar bem. Podemos estar contribuindo para uma sociedade carregada de conflitos e ações de retrocesso. Ampliar o autoritarismo e não permitir que os seres humanos mais qualificados exerçam de forma eficiente a sua função social.
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