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Princípios e Finalidades: O Dilema Ético nas Empresas Imobiliárias

A tensão entre o que é certo e o que é lucrativo

Quando se fala em ética nas organizações, muitas vezes se destaca a chamada ética de princípios, aquela que se ancora em valores inegociáveis. Mas, frequentemente, esquece-se de um outro polo fundamental: a finalidade. É entre esses dois extremos — princípios e finalidades — que se desenrola o desafio ético no mundo empresarial, especialmente no setor imobiliário.

O que são princípios?

No universo corporativo, o princípio é aquilo que não se negocia. É o que sustenta a identidade ética da empresa e orienta suas ações, mesmo diante de pressões ou oportunidades tentadoras. É o “chão firme” onde se pisa.

No setor imobiliário, por exemplo, um princípio pode ser definido como o respeito incondicional ao cliente. Isso significa agir com sinceridade nas negociações, seja para venda ou locação de imóveis. Significa transparência em todo o processo, mesmo que isso implique contrariar metas, reduzir o lucro ou abrir mão de um fechamento de contrato.

O cliente em primeiro lugar

Colocar o cliente como prioridade exige coragem. Significa estar disposto a dizer “não” a uma venda ou locação se o imóvel não for adequado, mesmo que o negócio pareça vantajoso no curto prazo. Significa, também, alertar o cliente sobre riscos ou problemas potenciais, mesmo que isso atrase ou inviabilize a transação. Esse é o tipo de escolha que distingue empresas éticas: a disposição de sacrificar o lucro para preservar o respeito.

Mas e a finalidade?

Toda empresa precisa manter-se ativa, sustentável. E isso passa, inevitavelmente, pelo faturamento. A finalidade do negócio é vender, alugar, gerar lucro e crescer. Negar isso seria ingênuo. Portanto, há um ponto em que a ética de princípios encontra sua prova mais dura: quando a necessidade de lucrar entra em conflito com o bem do cliente.

O desafio da coerência

Essa tensão não significa que a empresa precise abandonar seus valores ou abrir mão de sua finalidade. Significa que ela precisa de lastro: recursos, estrutura e planejamento suficientes para sustentar suas decisões éticas, mesmo quando elas representam perdas no curto prazo. Empresas sólidas são aquelas que conseguem manter seus princípios mesmo em momentos de crise ou pressão.

Princípio e prática: alinhamento com parceiros

A ética não é responsabilidade apenas da liderança ou de um setor isolado. Para que os princípios se mantenham vivos, é essencial que todos — corretores, fornecedores, gestores, funcionários — compartilhem da mesma visão. O respeito ao cliente deve ser um valor comum, praticado em cada etapa do processo. Isso constrói reputação, confiança e fidelidade. E, sim, isso também gera lucro. Mas um lucro que não contradiz os valores da empresa — pelo contrário, os confirma.

Conclusão: lucro sim, mas com limites claros

Buscar o lucro não é errado. É necessário. Mas os princípios são a linha que não se cruza. Eles são o que sustenta a reputação e a perenidade de uma empresa. No mercado imobiliário — e em qualquer outro —, a verdadeira força está em manter-se fiel ao que se acredita. E isso só é possível com coerência, estrutura e pessoas comprometidas com os mesmos valores. Afinal, o melhor negócio é aquele que respeita quem está do outro lado da mesa.

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