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Jean-Paul Sartre, o existencialismo francês, um dos maiores pensadores do século XX, considerava que o “nosso inferno são os outros”. Ao mesmo tempo que a opinião alheia nos incomoda, os outros nos servem de medida. Somos afetados pelo amor ou desamor daqueles que nos cercam.
Acreditamos e consideramos quem somos a partir de medidas estabelecidas pelas outras pessoas. Nossa opinião sobre nós mesmos é construída pelas afirmações alheias ao longo de toda a nossa história. Os outros nos mostram quem somos. Podemos acreditar naquilo que desejamos, porém, aprendemos o valor e fazemos as escolhas sobre aquilo que nos é apresentado.
Sim, sem os outros não existiria o famigerado “eu”. Não vamos exagerar e afirmar que “eu sou o que fizeram de mim”. Isso seria um excesso. Porém, somos moldados ao longo do tempo pela convivência. Fazemos nossas escolhas e somos autônomos, mas os critérios da vida e a condição que nos é apresentada.
Logo, tem muitas pessoas que se decepcionam com a atitude que os outros tomam e se magoam com as críticas alheias. A grande questão é, o quanto nós nos conhecemos o suficiente para saber o quanto a crítica do outro tem fundamento. Será que aquilo que falam de mim é a expressão da minha personalidade?
Para isso, é preciso conhecer-se, o que é uma condição dolorosa. Saber olhar para si mesmo não é tarefa fácil. Isentar-se da opinião alheia para mergulhar em si mesmo sem ter “salva-vidas”, aquele que vem nos dizer o que queremos para que não suportamos quem somos.
Enfim, desejamos nos livrar dos outros, mas não podemos. E sabe por quê? Porque não podemos nos livrar de nós mesmos. E todas as vezes que temos que nos deparar com nossos dilemas, há sempre as pessoas que contribuíram para que ele exista. As pessoas que nos servem de medida para sabermos se estamos fazendo o certo ou o errado.
Sendo assim, considero que é melhor aceitar que a opinião das pessoas nos interessam. Porém, é importante saber de qual delas há o interesse pela opinião, qual merece ser um bom agente de medida de nossa conduta.
Contudo, seja sincero na escolha dos seus juízes para não transformar o senso de justiça em defensor de suas insanidades.
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