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Te pergunto isso porque a retórica, o discurso, é sempre uma coisa e a prática é outra. Queremos resolver nossa vida agora, mas o futuro é uma ameaça que nos passa silenciosa e pode ter um custo muito elevado.
O futuro tem nome e rosto. Ele está nos dias que virão para muitos jovens. A sociedade está envelhecendo, mas os jovens de certa forma estão perdendo o seu futuro. Os números denunciam isso e damos pouca atenção a esta condição.
Por exemplo, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), praticamente metade dos jovens entre 19 e 25 anos, das famílias mais pobres do Brasil, não trabalham e nem estudam (49,3%).
Este número representa uma piora, já que em 2012, os jovens das famílias mais pobres do país que nem trabalhavam e nem estudavam eram 41,9%. Uma realidade que condena inúmeras pessoas a condição de pobreza.
E quando falamos em condenar, não é só hoje, é para os próximos anos. Os que são jovens hoje e não estão trabalhando ou estudando reduzem significativamente a possibilidade de ingresso no mercado de trabalho em uma projeção futura.
Para colocar os dados da outra ponta da pirâmide, entre as famílias mais ricas, o índice de jovens na mesma faixa de idade que não estudam e nem trabalham é de 7,1%. Uma realidade bem diferente.
Para acrescentar, outra informação relevante nesta análise, a taxa de natalidade é maior entre a população das regiões mais pobres. Segundo dados do IBGE, a maior taxa de gravidez indesejada na adolescência se dá entre meninas de 10 a 19 anos e com menor renda.
Não é só o futuro dos jovens que está em jogo, o nosso também. A piora das condições de vida da população vai respaldar no cotidiano de todos. A incerteza em relação ao futuro apresenta inúmeros aspectos, em certa medida vamos ser atingidos.
Por isso, a responsabilidade de todos nós é com o futuro. Temos filhos, trabalhamos em uma empresa, seja ela qual for, vivemos em um bairro, fazemos parte de uma comunidade, religiosa que seja. Podemos fazer alguma coisa.
Não se combate os números preocupantes do futuro apenas com políticas públicas. Não podemos esperar apenas do Estado, temos que fazer a nossa parte. Onde estivermos e da maneira que pudermos.
Há inúmeras histórias de superação de miséria, da pobreza, de jovens que saem de uma condição de risco e se empenha na busca de um futuro. Isso ocorre das mais diferentes formas.
Estes jovens se tornam pessoas e profissionais diferenciados. A capacidade de busca e a condição a ser superada lapida um ser humano incrível. O potencial de transformação, de fazer de pouco muito e criar onde parece improvável é a matéria-prima de homens e mulheres incríveis. Por isso, vale a pena criar um futuro para quem os números denunciam não ter.
O valor que se dá as oportunidades que se tem é proporcional as dificuldades que se atravessa. Pessoas que vivem na busca de superar uma realidade difícil e que tem que encarar todos os dias a vida limitada pela escassez sabem o valor de uma oportunidade.
Claro que não estou generalizando. Não estou considerando que todas as pessoas que passam por dificuldades valorizam a oportunidade que tem. Mas, não vamos transformar a parte na medida do todo.
É preciso ter uma postura diante do problema. Se os jovens têm um futuro ameaçado, se esta ameaça recai sobre todos nós, não podemos ignorar a situação. Mais que uma escolha em ajudar é a consciência de que o problema nos afeta.
Ser consciente vem desta percepção em desejar promover a mudança através da ação que nos cabe. Incentivar a ação de jovens a formação e a defesa de programas de qualificação ligados a experiência no mercado de trabalho.
Lembre-se, onde você está, naquilo que faz, no ambiente em que vive, você pode contribuir. Agindo assim, você será responsável e terá um posicionamento ético em relação ao futuro.
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