Pesquise por hashtags, nomes, e assuntos Pesquisar

Nas empresas elas avançam, mesmo com discriminação

As empresas estão mais atentas as mulheres, isso é um bom sinal. É o que apresenta a pesquisa “Mulheres na Liderança”, da Women in Leadershipp in Latin America (Will/Ipsos). Uma ONG ligada a questão da equidade de gênero no mundo corporativo. A pesquisa foi feita com 207 empresas.

Vale lembrar que o levantamento já é feito há cinco anos e teve um crescimento no número de participantes em 64%.

Os temas de maior relevância ainda é a questão da equidade e conscientização dos funcionários sobre a questão da igualdade, 88%.

Até mesmo um orçamento específico para a política de igualdade de gênero dentro da corporação existe, 76% das empresas estão comprometidas com isso.

As corporações tem se posicionado publicamente em defesa do empoderamento da mulher dentro do ambiente de trabalho e assumem um discurso em defesa da igualdade, isso ocorre em 70% das corporações ouvidas na pesquisa.

Uma das curiosidades desta questão são os treinamentos específicos para as mulheres dentro do ambiente corporativo. Hoje, as empresas consideram que é necessário repensar a carga de trabalho delas e como se pode adequar para gerar produtividade com diferenciais específicos. 52% das empresas entrevistadas adotam esta política.

Análise da realidade brasileira

Sempre é fundamental entender que se a pesquisa “Mulheres na Liderança” mostra avanços, temos que considera também que no Brasil há um ambiente diferenciado de resistência a igualdade de gênero.

A própria formação social brasileira e o aspectos de como as relações entre homens e mulheres se deram ao longo da história caracterizam a dificuldade de valorização delas no ambiente de trabalho.

Se remontarmos estudos feitos sobre a questão de gênero no Brasil e entre os clássicos da literatura, o papel da mulher sempre foi apresentado como secundário e de uma submissão absurda em relação aos homens.

Elas foram aprisionadas, sufocadas em sua liberdade e mantidas sobre o controle absoluto da figura masculina.

Basta observamos os estudos sobre a formação do país em sua origem agrária durante o predomínio da classe senhorial proprietária de terras, os senhores de engenho por exemplo, e vamos perceber a violência contra a mulher.

Se consideramos a liberdade de comportamento, a vitória das mulheres para terem o direito a escolhas fundamentais, como um relacionamento amoroso ou o casamento, assim como, sua vida profissional, ocorreu nos últimos 70 anos. Duas gerações, no máximo três em alguns casos.

Ainda hoje há uma pauta conservadora predominante entre a população e os mais jovens. Por incrível que pareça, há entre os que tem 18 a 34 anos um número significativo de conservadores. Defensores da virgindade e da desigualdade de oportunidades entre homens e mulheres.

Logo, a expansão das mulheres no mercado de trabalho não será tranquila. Houve, há e haverá resistência em um país como o Brasil. A questão cultura ainda é forte na defesa do patriarcalismo.

Esta resistência não é explícita. Em muitos ambientes corporativos ocorre nas relações cotidianas, no ambiente mais restrito e no convívio diário das conversas formais e informais.

Por isso, a atenção a cultura das empresas deve ser dobrada e redobrada. Ela não é o ideal que se busca, mas a prática inspirada nos valores que se tem. Uma piada de mal gosto, ou um comentário aparentemente inofensivo pode ser fatal. Empresas devem ficar atentas a isso.

Micro e pequenas empresas podem ter mais resistência

Nas empresas de pequeno porte o problema da mulher pode ser ainda mais difícil de ser superada. Muitas destas corporações são empresas familiares de aproximação com a realidade de famílias de baixa renda e condições regionais sociais, econômicas e culturais.

Em algumas comunidades o conservadorismo esbarra na marginalização de comunidades e desqualificação. A influência do pensamento dos fundadores das empresas que, geralmente, trabalham lado a lado com os colaboradores.

Na escolha de funcionários para trabalhar nas micro e pequenas empresas a informalidade acaba por compactuar com discursos discriminatórios, carregados de preconceito e agressão moral.

Temos que qualificar micro e pequenos empresários a serem atentos a estas pautas e se educarem para não reproduzirem uma violência que se naturaliza. O risco está na liderança que assume como natural a discriminação da mulher e sua desvalorização.

Treinamentos específicos devem ser feitos para que o problema se resolva em todos os ambientes corporativos e façam um efeito no ambiente comunitário onde a empresa está inserida. A gente muda pelo exemplo também.

Mais de 70% dos empregos gerados foram por micro e pequenas empresas. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), ligado ao Ministério do Trabalho.

Ações em defesa da igualdade, da inclusão, do respeito as pessoas e sua identidade devem ocorrer em todos os lugares. E esta luta é de todos nós. Ela se dá no dia a dia, no comportamento que temos nos mais diferentes lugares. Fique atento.

 

Fala pra gente o que achou

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *