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A ética não é apenas uma recomendação abstrata; ela é uma necessidade concreta para a convivência humana. Ser ético significa agir com responsabilidade em relação aos outros e considerar as consequências dos próprios atos.
Se cada indivíduo buscasse apenas satisfazer seus interesses pessoais sem qualquer restrição, sem ponderar sobre o impacto de suas ações na vida alheia, viveríamos em uma sociedade insustentável. Essa ausência de limites nos tornaria vítimas de nós mesmos, criando um ambiente onde a lei do mais forte e do mais egoísta prevaleceria.
A maneira como tratamos os outros estabelece, implicitamente, a permissão para como eles podem agir conosco. Nossas atitudes, valores e comportamentos se tornam um padrão de convivência, um código tácito que orienta a interação social.
O que faço em relação aos outros é, na prática, uma mensagem: “é assim que aceito ser tratado”. Esse código pessoal, mesmo não declarado, molda a forma como o mundo reage a nós. Assim, agir de maneira ética e respeitosa não é apenas um dever moral, mas também uma forma de proteger a si mesmo das consequências de um comportamento irresponsável.
É preciso atenção à forma como interpretamos o direito de perseguir nossos objetivos. A busca por resultados, quando feita sem limites, cria precedentes perigosos. Ao agir sem respeitar regras ou valores, damos aos outros a mesma permissão para fazerem o mesmo conosco.
Por isso, a cautela é essencial: aquilo que consideramos legítimo para nossas ações é o critério que autorizamos para a conduta alheia.
No contexto corporativo, alguns líderes costumam valorizar — e até premiar — colaboradores que perseguem objetivos “a qualquer preço”. Elogiam a ambição sem freios, a determinação que supera qualquer obstáculo, mesmo quando isso significa “passar por cima” de tudo e todos.
O perigo é que esse incentivo não é unilateral. Quando um líder exalta a busca ilimitada por resultados, ele também autoriza, de forma implícita, que seus liderados usem esse mesmo princípio contra ele. Um colaborador, motivado por essa lógica, pode não hesitar em substituí-lo ou prejudicá-lo para alcançar o próprio objetivo.
Ser líder exige responsabilidade com princípios e valores. Estimular a conquista a qualquer preço é criar uma regra que, cedo ou tarde, pode voltar-se contra quem a estabeleceu. A verdadeira liderança não incentiva apenas o sucesso, mas define limites éticos claros que protejam tanto a organização quanto as pessoas que a constroem.