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Um dia eu assisti a “Alice no País das Maravilhas”, uma história de ficção que foi escrita em meados do Século XIX, por Charles Lutwidge Dodgson. Um clássico da literatura internacional que conta a história de uma menina que cai na toca de um coelho, no fundo do jardim de sua casa, e passa a viver uma fantasia inusitada.
A obra é uma crítica a sociedade vitoriana, onde o moralismo impera e a conquista da liberdade individual permite romper com as imposições dos padrões da aristocracia inglesa. Enfim, o sentido da obra é ser libertador, ter uma criatividade suficiente para pensar fora da casinha.
Alice rompe com os padrões morais de seu tempo e encontra uma série de aliados em personagens impensados, animais que ganham consciência assim como objetos. Há nesse mundo imaginário o bem e o mal. O louco é um ser sóbrio e tem na bondade a virtude de sua loucura. Já, o mal é fruto de uma mente perversa de uma rainha que arquiteta pela inveja a sua luta com o bem, como em jogo de cartas.
Mas, Alice é uma obra de ficção ou nonsense como alguns gostam de apontar, é uma valorização do ser humano que se abre as mudanças, a novidade, a aventura de viver, a flexibilidade diante do mundo. Sem dúvida, um livro libertador para sua época.
Mas, hoje, ser Alice é alucinação e não libertação. Os que reivindicam o direito de ter seu “mundo mágico”, na prática buscam fugir da realidade. Romper com a consciência e viver a ilusão de um “faz de conta” que se quer criativo. O mundo fantasioso que se tem vendido na atualidade é uma construção tendenciosa e mal intencionada.
Estamos alimentando a irracionalidade e vamos colher erros. Ninguém mais tem uma proposta inovadora diante dos dilemas. O que se deseja agora é ser conservador e forçar todas as pessoas a acreditarem que o mundo bom é sem risco, logo, sem inovação, diversidade, flexibilidade. O certo é “voltarmos para trás”, como se isso fosse possível.
No livro de Dodgson, Alice entra no buraco para se libertar em um mundo cheio de possibilidades. Agora, todos querem enfiar a cabeça no buraco para não encarar as mudanças, os desafios, o que a transformação pode oferecer. Inacreditavelmente a realidade virou fantasia e a alucinação a realidade.
Precisamos aceitar que a resposta não é voltar para trás, mas encarar o que vem em frente.
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