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A felicidade já foi algo difícil de se conseguir e como água no deserto, rara, deveria se beber rápido antes que secasse ou escorresse pelas mãos. Ela já foi uma busca incansável. Para uma grande parte das pessoas. Repousava no panteão das exceções. Aquela que nunca se chegou a saborear e que se acreditava ser lenda. Até mesmo, se duvidava que existisse.
Porém, as cosias mudaram. A felicidade se transformou em produto e chegou acessível as prateleiras de mercado. Ela ganhou muitas formas e pode ser sua por uma bagatela. As mídias já demostram que ser feliz não é mais uma busca rara e sim uma questão de escolha.
Sua facilidade de ser adquirida está na exterioridade. Não repousa mais na busca humana de mudança e em um estado de sentimento que dependa de outras pessoas. Ela está impregnada no invólucro de inúmeros objetos. Esta impregnada em alguns ambientes saborosos de consumo climatizados. Está na estética das pessoas que se dispõe a fazer parte complementar do lugar que frequenta.
Neste tempo de eleição, os homens públicos que buscam o voto do eleitor se embalam e desejos diversos. São populares. Se tornam figuras presentes no dia a dia e lembram que a felicidade mais uma vez é uma questão de escolha. Eles desejam ser consumidos. São garotos propaganda da solução aparente que está ao seu alcance por um clique. A democracia também virou produto.
Comedores de pastéis, coxinhas, farofa de frango, tomando uma pinguinha ou cerveja. O homem inalcançável agora parece estar ao alcance de todos. Este é o regime da liberdade de escolha que te dá o direito de escolher entre os produtos ofertados na mídia e que estão na prateleira de mercado. Quer comprar?
Na semelhança do homem público e dos produtos há a lógica perversa. Nada dura para sempre e logo se descobre que a felicidade comprada ilude por se apenas uma sensação momentânea. Não vai durar. O prazer não está na convivência com o que se comprou ou votou, mas no sentimento de ter feito a coisa certa na aquisição.
Com o passar do tempo vem o arrependimento ou o desejo de fazer outra escolha, comprar algo novo. O que importa não é o caminho que vai se traçar com as escolhas, a convivência com o que optamos, o prazer imensurável de mudar apenas com uma decisão. Podemos chamar isso de democracia de consumo.
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