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Acreditamos estar isolado em um quarto, sala ou escritório. Ninguém a nossa volta. Podemos ficar a vontade e soltar nossos sonhos e delírios. Conversar sobre intimidades com o outro ou outros sem correr riscos de ser pegos com confissões que não assumiríamos em público. O frente a frente nos deixaria covardes diante da vontade e desejos ocultos.
O ledo engano da solidão acaba quando nossas confissões se tornam públicas. Quando somos expostos à realidade que tentamos fugir. A nossa face verdadeira é qual, a real ou a virtual? As duas. Somos o medo da verdade e a verdade virtual sem medo. Temos uma expressão do porão de nossa existência na virtualidade.
No mundo atual onde a possibilidade digital nos faz um objeto de apreciação e consumidores de perfis e corpos virtuais, expomos nossa intimidade. Confessamos desejos e posições lógicas, ideológicas e irracionais. Muitas vezes a vida social e suas regras de conduta, códigos de comportamento e tratamento, civiliza o ser humano. Coloca um freio em seus desejos.
Mas no mundo virtual, muitos dos seus desejos rompem fronteiras e bom-senso. Vão além. Rompem a obrigatoriedade da cordialidade exposta e a aproximação visual, física. Tudo se pode sem o peso moral. O instinto se liberta e a libido também. O querer rompe o dever e se enche de poder. Faz-se!
Quando exposto e as consequências vistas e propagadas, o desmonte da ilusão cobra seu preço. Queremos as duas coisas, a vida segura e a aventura. O poder fazer e a proteção de que não façam conosco a mesma coisa. Fazer sem assumir. Tudo isso se desfaz quando temos que entender que a liberdade não combina com segurança. As redes sociais e suas possibilidades geram a fantasia e a realidade cobra seu preço.
Por isso, por mais que esteja só, em qualquer lugar aparentemente seguro, diante de um dispositivo eletrônico, ligado a rede mundial, você está mais exposto do que nunca. Pense nisso?
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