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Uma Europa carregada de conflitos com a decadência gradativa de personagens e instituições. Esta é a Europa da segunda metade do Século XIV e início do Século XV. Arrasada por guerras entre as monarquias que se ascendiam ou decaiam ao sabor das alianças travadas nas mais diferentes regiões da Europa.
Centros de poder tradicionais apresentaram fissuras em territórios antes unificados. Também anexações fundadas nas alianças monárquicas. O poder estava se transferindo de mão. Um bom exemplo disto era o Sacro Império Romano-Germânico, instituído em plena medievalidade e formado por um agrupamento de nações anexadas ainda nos tempos pós as dinastias carolíngias (900 a 1806).
Aliado ao papado, assim como grande parte dos reinos formados na medievalidade, o Sacro Império Romano Germânico foi um defensor árduo da autoridade papal. Mesmo tendo intervindo inúmeras vezes na escolha do sumo pontífice. As ações do clero católico passa a ser um exercício de poder nas mais diferentes regiões da Europa ocidental. O ingresso de membros da nobreza na administração católica, bispos e cardeais, supera em muitas regiões a autoridade dos nobres, príncipes locais.
Não seria de se estranhar que a consolidação de regiões e culturas locais, aliadas a formação de uma economia estável, agrária e mercantil em especial, permitiu um olhar mais atento aos interesses regionais em detrimento da universalidade imposta pela Igreja Católica e pelo imperador do Sacro Império.
Neste ambiente é que John Wycliffe (1320 a 1384), em plena Guerra dos Cem Anos (1337 a 1453) percebia a necessidade de uma mudança no curso das doutrinas e da administração clerical. Defensor das idéias agostinianas, o professor de Oxford considerava que a fé estava acima das obras. A salvação não viria com atos de contribuição material para a igreja, como indulgência. O pagamento pela salvação que mais tarde foi um dos motivos da formação da Igreja Luterana.
Vale ressaltar que a realidade local se exalta contra o Universalismo pela autoridade da vida econômica e social, pela capacidade de organização de poderes regionais fortalecidos com um grande número de pessoas ligadas aos princípios. A língua nacional passa a ser uma demonstração importante neste sentido. O latim, língua oficial dos documentos sacros da Igreja Católica é visto como uma imposição dentro de várias regiões.
O próprio poder local se identifica com a cultura de sua localidade e a língua falada pelo povo respalda o comando pelo príncipe, limitado pela autoridade clerical presente. A rede de comando dos imperadores se associava ao governo dos membros do clero. Por isso, quanto mais crescia a tendência de um sentimento “nativista” o enfrentamento a autoridade religiosa era perceptível.
Na esteira das ideias de Wycliffe, Jan Huss (1369 a 1415), atual República Tcheca, defende a formação de uma igreja local e voltada ao comando da autoridade dos nobres. Defende a implantação da fé como um determinante da salvação. Considera fundamental a desobediência aos pagamentos materiais à Igreja e defende a implantação da língua nacional na propagação da fé. O bastante para enfrentar a ira do Imperador Germânico e do papado.
Levado ao concílio de Constança, Wycliffe é condenado a morte. Foi queimado. Em sua execução, se negou a renunciar às ideias que defendia. Profetizando que “Hoje vocês assam um ganso, mas em cem anos ouvirão um cisne cantar e não serão capazes de assá-lo”. Cem anos depois de sua morte a Igreja Luterana se consolidava na Alemanha.
O protagonismo de Huss fez com que surgisse um movimento adepto de suas ideias na Europa. Esta corrente influencia a formação de muitos religiosos na Alemanha. Lutero está entre eles. Membro da Ordem Agostiniana, o pároco de Wittemberg iniciou estudos de reforma da Igreja Católica, reunidos em suas 95 Teses. Base teológica da doutrina protestante luterana.
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Esse vídeo é um esclarecimento verdadeiro. O professor AGUIAR ensina com entusiasmo, zelo e paixão; ele controla e domina (mestraisa, se eu posso dizer) a disciplina. Obrigado!