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A jornalista Luciana Peña dividiu comigo um nota em que o tenente-coronel Ademar Paschoal desabafa no Whatsapp. Afirmando que a “polícia é para enfrentar bandidos e não jovens”. O comandante do 4o Batalhão O comandante se referiu a um crime na noite desta sexta-feira (6) na Avenida Petrônio Portela. Essa avenida é tomada por jovens nas noites de sexta-feira e nos fins de semana.
Eles se reúnem em frente aos bares e acabam invadindo as vias urbanas. Os jovens causam um problema para o trânsito e perturbam o sossego dos moradores.
No final de semana ocorreu uma briga e um rapaz foi esfaqueado. Ele foi levado para o hospital e passou por cirurgia. O estado dele é grave. Contudo, a condição de enfrentamento de jovens pelo aparato de segurança não é incomum. Acontece em muitos grandes centros. Não quer dizer um fato corriqueiro, mas não anormal.
Em sociedades, historicamente e invariavelmente, os rituais de iniciação da fase adulta sempre existiram. O enfrentamento é um desafio para afirmar a virilidade e demonstrar força. Contudo, há variáveis de tempo e lugar. Aí há uma questão a ser repensada.
Parte considerável dos jovens na atualidade não vão reproduzir a função que os pais exercem. O que nos rituais de iniciação de muitas nações sempre foi um elemento importante para dar ao ritual um sentido. Nossos filhos não vão se tornar autônomos da mesma forma e não terão no trabalho o ato de liberdade e reconhecimento como as gerações que os antecederam. Muitos dos jovens concentrados eram mantidos pelos pais. Não são senhores dos seus próprios atos. Frágeis na busca de serem fortes.
Vivemos uma transição significativa nas relações sociais dentro da sociedade atual. As instituições estão mudando, um exemplo disso é a própria família. Uma transformação inevitável e que não tem como ser evitada, mas entendida, racionalizada e civilizada. Saber o que fazer para não deixar de orientar o futuro, porém sem a tolice de querer retornar, restabelecer relações, eles, os jovens, não terão a vida de seus pais.
O tenente Paschoal também demonstrou preocupação em viver em Maringá um ato de violência como ocorreu no Rio de Janeiro, no final do ano passado. Ainda estamos longe de um ato como Paraisópolis, onde 9 jovens foram mortos em um baile funk e o aparato de segurança é responsabilizado pelas mortes. Maringá não constrói ambientes de concentração, intensidade e intenção como o Rio, nestes casos. Nossos jovens podem até consumir drogas, mas não moram no mesmo bairro que os traficantes.
Queria finalizar elogiando a preocupação do comando do 4o Batalhão, raro ter um líder militar, à frente de um aparato de segurança como a PM, com a preocupação em dialogar com a sociedade e entender melhor a dimensão do fato que enfrenta. Ato raro em um país como o Brasil. O que nos deixa um pouco mais tranquilos em relação a tantos atos de violência é ter alguém civilizado e preparado no comando da força de repressão.
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