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Você deve se lembrar do assassinato do tesoureiro do PT, em Foz do Iguaçu, no ano passado, por um simpatizando de Jair Bolsonaro. O crime ganhou repercussão nacional e se transformou em um marco do radicalismo político que tomou e ainda toma o país.
Agora, na segunda-feira, um homem de 36 anos, bolsonarista, foi morto em Selma, no Mato Grosso do Sul, após uma discussão com um outro, o assassino, um simpatizante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Dois tiros no abdômen deram fim a vida de uma pessoa, por uma questão banal.
Há uma associação enganosa de considerar que todo o assassinato que retrata um contexto de discussão política ocorre é intencionado por radicalismo. Não considero isso correto. Tem mais coisas por de trás destes fatos.
As pessoas não são movidas pelas paixões ideológicas exclusivamente. Elas também têm seus motivos pessoais. Há um sentimento de desejo de extermínio. Existe um ódio incutido que incentiva o agressor a disparar o gatilho.
Papo furado esta história de que a motivação é exclusivamente política. O perfil do assassino tem o desejo de matar. O culto ao extermínio estimula a ação. E os fatos históricos podem ajudar a entender isso.
Adam Schaff é um historiador polonês e se dedicou em uma de suas obras a estudar a intenção dos atos humanos em momentos de grande relevância. No caso de sua obra, “História e Verdade” ele analisa a Revolução Francesa.
Mas, o que tem relação o assassinato de simpatizantes partidários com a análise do historiador polonês? Bem, Schaff considera que muito da adesão violenta ocorrida na Revolução Francesa era uma expressão dos interesses pessoais das pessoas. Não a paixão pela causa.
No Brasil, durante a colonização, quando os judeus foram perseguidos e só poderiam permanecer em território português ou em suas colônias se abdicassem de sua religião e adotassem o cristianismo católico, sob pena de perder seus bens e serem condenados à morte, muitos denunciaram os chamados “cristãos novos” para ficarem com seus bens.
Logo, as grandes causas sempre foram adesão de poucos, não é nenhuma novidade. A notoriedade do tema é resultado mais da propagação midiática do que de sua veracidade.
Hans Magnus Enzensberger, o pensador e ensaísta alemão, considerava que nossa pobreza ideológica nos faz senhores de guerras constantes sem qualquer causa elevada ou projeto digno de sociedade.
Vivemos tempos em que muitos morrem por muito pouca coisa. E nós damos um verniz maior ao fato que em sua essência esconde o nosso lado intelectualmente pobre e podre. Porém, denuncia muito do que os seres humanos são.
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