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No jogo de interesses pelo poder uma crise pode ser a cartada decisiva, o “xeque-mate” para derrubar o adversário e reverter o jogo. Isto está acontecendo. Diante das medidas tomadas pelos poderes públicos para conter a pandemia de coronavírus está a busca de manter-se o atacar quem está no poder. Uma oportunidade que não quer se perder. Na política é um momento raro e oportunidade de ouro.
Para a maioria de nós o comportamento de politização da pandemia é repugnante. Consideramos de um casuísmo se aproveitar de uma crise que afeta a todos no país e que deixará marcas profundas na vida da sociedade para buscar crescer o capital político. O ataque a quem está no governo até a troca de ministros para não perder a mão ou o prestígio. Tudo vale.
Podemos começar nossa conversa buscando entender o porque mesmo com um país que pode sair com um rombo insustentável nas contas públicas por causa do socorro a crise muitos querem o poder. A boa notícia é que ninguém chuta cachorro morto e desdenha o que interessa. O Brasil não vai morrer junto com a pandemia. As contas públicas tem jeito, a economia brasileira tem solução e traz benefícios.
O problema é o preço que pagamos por estas disputas políticas. O quanto os gestores públicos estão dispostos a sacrificar para buscarem se manter ou chegar ao poder. Alguns consideram que não há limites. Por mais mesquinha que seja o cenário da agressão e das medidas descabidas, o que está em jogo compensa.
Porém há uma culpa nossa. Uma cumplicidade. Nós legitimamos este tipo de homem público. Abraçamos estes personagens como messias. Consideramos que eles vão nos redimir e nos salvar. Acreditamos em suas retóricas mesmo que as práticas, que deveriam falar mais alto, desmintam nossas crenças e confiança. Nossa limitação em enxergar a cena é precária e vivemos de um dia atrás do outro. Pensamos em ter o melhor hoje e colhemos o pior amanhã.
Se estamos preocupados com a pandemia, com nossa saúde e também os efeitos econômicos que ela gera, deveríamos também nos preocupar com nossa precariedade que nos deixa sequestrados por um poder público governado por um grande número de representantes públicos dispostos a qualquer coisa pelo poder. E não adianta pedir golpe militar, o fim da democracia. Quem defende esta ideia age como uma criança que se autodeclara imatura e incapaz de assumir a rédea de sua vida nas mãos e pede socorro para que alguém a leve pelo braço.
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