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Privatização e seus vícios

Não há o que temer quando se fala de privatização. Precisamos de medidas que deixem para iniciativa privada a prestação de serviços públicos. Agilizar as ações de atendimento as necessidades da população são fundamentais. O país tem recursos gastos de forma excessiva ou equivocada em obras, compra de produtos e serviços. Isto é lamentável em determinados setores.

Poderíamos fazer muito mais com muito menos. O dinheiro que se gasta em serviços e obras públicas poderiam ser menores se o setor para o qual se direciona fosse bancado pela inciativa privada, obedecendo as leis de mercado. Entendendo que, quando o mercado estabelece distorções, ele deve estar sob controle de agências reguladoras. Elas devem, no mínimo possível, mas de forma eficiente e definitiva, atender ao interesse do cidadão, de quem precisa do serviço, exigir qualidade e preço de quem fornece o produto.

O nosso grande gargalo é a relação perniciosa e histórica entre o governo e setores e empresas da iniciativa privada. A mentalidade mesquinha e ignorante de um grupo de empresários que, pela força do hábito, aprendeu a ganhar de forma fácil em setores que não correm riscos. E quem permite isso, o poder público. A capacidade de manobrar as ações do Estado e trazer para si o máximo de benefícios em menos tempo possível.

Os homens públicos também fazem parte de deste hábito perniciosos do clientelismo e protecionismo. São eles que garantem para determinadas empresas o controle do mercado, a manipulação de contratos superfaturados, o privilégio e artimanhas para terem no poder público o principal parceiro econômico. E aí, a meritocracia se perde. Os melhores e mais eficientes, sejam empresas ou pessoas, passam a não ser o critério de escolha. O que vale é capacidade de influência.

Temos que romper a força do hábito. Mas é preciso entender a sua dimensão e extensão. Qual o poder de abrangência que ele tem. Histórico, o clientelismo viciou os empreendimentos e empresários. Sem desejar generalizar, mas o sucesso da empresa é menos a competência técnica e científica associadas a racionalidade e legalidade do empreendedor e muito mais a sua capacidade de manipulação das forças públicas e, por consequência, do mercado.

As gerações de senhores de engenho foram, ao longo da colonização, ficando ignorantes, analfabetas, pouco dadas ao conhecimento e a inovação. Sabiam que tinham o aval do poder português. Tinham garantido para si, de forma hereditária e pela imposição do governo, todos os lucros de uma atividade monopolizada. Também os empresários que tinham o controle sobre o abastecimento e comercialização dos produtos da colônia, importações e importações.

Nosso nascimento econômico e as práticas mercantis, dentro de uma pratica cultural portuguesa, ainda tem seus efeitos. Os privilégios e privilegiados fazem parte da corte. São poucos. O critério de escolha é feito pela astúcia de quem governa ou tem influência sobre o governo e o governante. Já passou da hora de termos novos hábitos.

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