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Ter a dúvida é uma condição fundamental para a mudança. Escolher é um princípio da liberdade. Mas quando, independente da escolha, a incerteza persiste? Quando, condenados independente da escolha, não refletimos sobre a falta de opção? A dúvida passa a ser um sinal ruim.
Alguém poderia me dizer o que vai acontecer com este país nos próximos quatro anos? Esta é uma pergunta difícil de resolver se observarmos a campanha eleitoral. A troca de ofensas se transformou no padrão dos candidatos no segundo turno. Ofensas tomam conta do lugar onde deveriam estar propostas. Nem o candidato “A” ou o “B” falam o que é preciso ser feito para que o país, ainda sofrendo efeitos de uma crise econômica e descobrindo a falta da ética crônica, possa se recuperar.
O conflito propagado é alimentado todos os dias na campanha eleitoral. Há uma população que impulsiona a guerra diária nas redes sociais. Uma discussão sem fim. O ódio de cada um em coro faz o barulho da multidão. Unida apenas pela oportunidade de expressar o sentimento raivoso sem entender a complexidade do que está vivendo. As campanhas eleitorais não ajudam em nada. Colaboram para manter o sentimento. Isto não é um bom sinal.
Este ambiente de agressão e conflito acaba denunciando a imaturidade. Somos poucos civilizados em nossa conduta diante da diversidade. Os conflitos se intensificam na proporção que não compreendemos a existência do outro, daquele que nos é diferente, estranho, e nega nossas convicções. Buscamos respostas fáceis e não nos dedicamos a entender. Preferimos resumir em uma lógica rasa o que necessita de um esforço para conhecermos melhor. Parte considerável dos conflitos com as pessoas a nossa volta se dá por isso. O risco da generalização sempre esteve presente.
Consideramos que podemos julgar a revelia, nos esquecemos de que o julgamento sobre nós pode ter a mesma condição. Nossa conduta dá o tom da relação que estabelecemos. A agressão legitima a agressão do outro. Não vamos combater a violência com violência. O que parece de imediato uma solução, a forma mais eficiente de lidar com os conflitos, se mostra ao longo do tempo a permanência da agressividade. Por isso, se há algo que a campanha eleitoral tem demonstrado, é que a regra é a agredir para se defender, atacar para se proteger. Será este o destino do país para os próximos quatro anos?
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