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O ambiente faz o líder

Liderança não é obra do acaso, mesmo que pareça.

Por que alguém é escolhido para assumir um cargo de liderança? Com certeza porque deve resolver problemas, seja ele qual for. Ninguém assume uma liderança apenas por se deliciar do cargo sem qualquer responsabilidade, e se for assim, quem o colocou no poder tem intenções. E se existe esta condição, não estamos falando de um líder e sim uma peça do jogo do poder. 

Toda e qualquer escolha para um cargo de liderança, sua ascensão, busca superação. O comando, a coordenação, a orientação de pessoas é caminhada com destino, pelo menos é o que se espera. 

Todo o líder está a busca de um resultado. Ele assume para mudar uma realidade, é isso que se espera que ocorra. Se não ocorrer, há um problema.

Para mudar, é preciso medir o destino.

Se quer que a liderança mantenha ou mude uma determinada realidade, deve-se ter claro onde se quer chegar. Para isso se quantifica o resultado em números ou fatos que possam dar a quem assumiu a liderança a dimensão do caminho a percorrer. Quer que se mude processos, por exemplo, o que é feito de uma determinada forma, se quer de outra.

Para se chegar a esta meta, atingir expectativas, terá ações, ou seja, não vai se chegar onde deseja sem que ocorra tomadas de decisões. Se faz necessário intervir na condição, no contexto, na composição do que se assume como líder para ir além ou sair do lugar. 

E é exatamente aí é que se vai conhecer o líder que se tem. Vamos saber com quem estamos lidando. Na hora da ação, da relação, o líder se revela. Lembre-se, ter nas mãos determinado poder, capacidade de influência, as “rédeas nas mãos”, denuncia o perfil de quem estamos lidando.

A frase histórica e freudiana vale, dê o poder a uma pessoa e você irá conhecê-la. Por isso, a liderança não é uma mecânica, uma doutrina de atos sequenciais lógicos que se segue sem parcialidade, sem a subjetividade, de quem se torna líder. 

Não há ninguém que influencie mais em sua condição do que o líder, do que aquele que está na condição do poder. Por isso, há que se ter líderes que tenham consciência disso. Se é humano na liderança e se expressa o máximo de sua humanidade ao liderar.

Lembrando que “humanidade” aqui não é a bondade, a compreensão, a flexibilidade, a resiliência. Aqui, “humanidade” é a condição de ser uma pessoa em sua integridade em uma função. 

Há líderes para todos os gostos.

Eu conheço inúmeros líderes. Das mais diferentes formas e expressões. Alguns que faziam questão de ser vistos e reconhecidos como líderes, outros que faziam questão de desaparecer, mesmo exercendo a liderança. Não eram cometidos pelos excessos que a vaidade do cargo muitas vezes seduz.

Sim, é possível ser um líder sem berros, gritos, mandos e comandos exagerados. O exercício do poder não é uma questão exclusivamente de força, mas de influência e inteligência. Tem horas que um líder deve desaparecer, parecer que ele nem existe, mas, que está atento.

As pessoas não têm que temer, mas respeitar o líder. Pode e deve ser o líder lembrado na condição de que se tem um compromisso assumido, responsabilidade a ser respondida. Saber que o não fazer gera a cobrança pelo que se comprometeu. Quanto mais interna for esta cobrança e não externa, melhor.

Há líderes que não necessitam demonstrar de forma alarmante sua presença para que sejam notados ou lembrados.

Líderes são filhos do contexto.

Por isso, líderes emergem do contexto, das pessoas, daquilo que está sendo produzido através das relações humanas. Um líder governa pessoas, por mais que alguns deles tenham um perfil mais adequado para se relacionar com animais. E falo isso pelas duas pontas, tanto a de alguns líderes que se comportam como animais, como dos liderados, que muitas vezes se tornam mais hostis do que bichos.

Os seres humanos não são fáceis, isso é fato. Receitas simples de conduta à frente de outras pessoas é discurso sem fundamento ou receita superficial fadada ao fracasso. A vida humana é complexa, e os líderes nascem desta condição.

Então, o que é ser um bom líder? É, mesmo tendo que gerar resultados, só fazer isso dentro de alguns princípios, não aceitar a liderança a qualquer preço. O custo do fazer sem levar em conta o preço do que se faz, as consequências para as pessoas envolvidas e para si mesmo virá. 

Nas ações de um líder, o que fica são os atos constantes e não as condições e ações variáveis. Nos lembramos dos atos de permanência que se cristalizam como perfil da conduta e não as raridades de comportamento que se apresentam como surpresa e não como constante. 

 

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