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Corre o discurso de que quando estamos vivendo uma crise humanitária não devemos nos preocupar com transparência, fiscalização dos gastos públicos. Denunciar abusos no poder é casuísmo. Tentar eliminar o inimigo político através de “golpes baixos”, não respeitar o luto nacional. Isto é um erro.
Penso o contrário. Desrespeito é se aproveitar da crise que estamos passando para encobrir atos ilícitos. Buscar usar da pandemia e da necessidade de ações urgentes para manter a velha prática de favorecimento ilícito. Ser desumano é saber que precisamos do máximo de esforço possível para conter a pandemia e há quem demagogicamente fala dela, mas só lembra dos mortos para livrar sua vida.
Infelizmente, as práticas de corrupção no país alimentam o interesse de muitos de permanecer como representantes públicos e por consequência de terem acesso às benesses que a presença no poder dá. Não só os políticos de carreira, mas aqueles que compõem a parafernália de assessores e apoiadores que os acompanham constantemente. Há quem viva da ascensão de seu padrinho e há os que sempre estão pagando favores aos seus apadrinhados.
Durante momentos de crise, ainda mais na proporção do que estamos vivendo, a oportunidade de abusar do poder e de recursos públicos é maior. A população está distraída pela dor e tensão. O foco está nas medidas tomadas para conter a Covid-19 e em tudo o que esteja relacionado às sequelas que ela trás. Um campo fértil para a má intenção e o mal intencionado.
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