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Mercantilismo II: o caso inglês e holandês

As práticas inglesas e holandesas

Aqui uni as duas nações por considerá-las importantes na consolidação do capitalismo em sua transição da acumulação primitiva, mercantil, de capital e o posterior investimento na produção industrial.

Importante também considerar o papel do Estado como agente propulsor da economia. Não há dúvidas de que os governos de Inglaterra e Holanda foram diferentes na conduta com as empresas comerciais, agrícolas ou industriais.

A iniciativa privada foi um elemento importante na condução das atividades mercantis nestas duas nações. A falta de recursos acaba por aproximar o Estado de investidores e em troca o poder monárquico respeitar a propriedade privada.

Na Inglaterra, por exemplo, em 1603 se estabelece a Lei de Cercamento, durante o Reinado de Elizabeth I. Foi a consolidação da propriedade privada capitalista. A terra, um bem feudal, com garantias hereditárias, passa a ser um bem privado, possível de venda, compra, penhora e arrendamento.

Os investimentos na produção com garantia de negócios e retorno através da institucionalização da propriedade privada cria um ambiente favorável para o processo de industrialização.

Ainda falando sobre a criação da propriedade privada nos moldes do capitalismo, a massa de trabalhadores disponíveis para a produção dentro do território inglês garante uma mão-de-obra necessária para a indústria manufatureira e posteriormente maquinofatureira.

A mão-de-obra livre e assalariada é condição vital para o crescimento da indústria. Ela permite ao mesmo tempo a força-de-trabalho e amplia a população de consumidores. Abre espaço para a expansão de inúmeros produtos que podem ser consumidos pela massa humana que se concentra nas cidades industriais.

Fora isso, os ingleses e holandeses se lançam ao mar e conquista as principais rotas comerciais. Principalmente aquelas com alta rentabilidade. Um exemplo foi o controle holandês sobre o comércio do açúcar português produzido no Brasil e, mais tarde, o domínio da Companhia das Índias Ocidentais, holandesa, sobre o nordeste brasileiro.

O avanço mercantil de ingleses e holandeses não poderia ter tido outro fim, uma guerra entre as duas potências navais, a chamada Guerra do Mar do Norte, que na prática são uma sequência de quatro conflitos que ocorrem entre os séculos XVII e XVIII.

A vitória inglesa irá fazer dos britânicos os senhores dos mares e uma potência econômica e naval. Possessões holandesas passam para as mãos inglesas e permite um aumento de fluxo de riquezas para a Inglaterra.

Vale lembrar que durante a mineração no Brasil parte considerável dos recursos extraídos pelos portugueses irá se destinar para o pagamento de dívidas com os ingleses. Enriquecendo ainda mais a nação britânica e consolidando seu potencial econômico.

Um último detalhe são as condições internas na Inglaterra que eram favoráveis ao desenvolvimento de manufaturas. A especialização de parte considerável da população na confecção de tecidos de lá e algodão. Fora isso, as minas de carvão e fundições de ferro que geraram as estruturas necessárias para o avanço industrial.

Conclusão

Deu para se perceber que o desenvolvimento do mercantilismo teve suas particularidades entre as nações europeias. Desta forma, o crescimento econômico destas nações foi desigual e o protagonismo na formação da economia de mercado e posteriormente industrial foram diferentes.

Quando fazemos uma análise econômica não podemos desconsiderar estas peculiaridades. Diferenças que serão vitais para a prosperidade de algumas nações e o fracasso de outras. Desta forma, a comparação acaba por denunciar que não há receita pronta. Não podemos pegar um modelo de um determinado país e colocar em outro.

Há sim, claro, que entender as peculiaridades, aspectos próprios de cada nação e como isso foi participante da fase mercantilista que foi o nosso objeto de análise aqui.

 

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