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Tem momentos que vivemos tempos áridos. Nada se colhe. Os pés caminham em solo quente. Nada brota diante da falta de humidade.
Nestes tempos de calor intenso, olhamos para o horizonte abaixo de um céu sem nuvem. Miramos para um lugar distante e a paisagem não muda. Este é um momento difícil.
O coração tenta empurrar uma mente que se apega ao que vê e não ao que está por vir. Aquilo que se chama esperança tem dificuldade de penetrar na razão.
Mas, voltamos aos pés, cravados no solo que arde. Ele suporta o calor por ter pele grossa. A aridez já não machuca diante dos calos de tantas jornadas. Fica mais fácil suportar assim.
Este semeador dos dias, pega na inchada com mãos tão calejadas como os pés e toca a plantar. Prefere apostar no coração a deixar que a mente lhe domine com decretos e sentenças de um fim que se recusa a aceitar.
Na lida sem descanso, de repente em um tempo de folego para tocar mais um pouco, já se vê dias que ficaram para trás e tantos outros que se encontram pela frente. Mas, segue.
Em um dia, destes comuns que se leva, as gotas lhe caem nas mãos, tomam aos poucos o corpo e tudo o que há em volta. Logo, o campo se humedece. O calor alivia, os pés se enfiam no solo penetrante. A aridez se desfaz em chão acolhedor e profundo.
Mais um pouco e a semeadura faz seu milagre, as plantas crescem e é tempo de colher.
Diante da fartura, nunca se perde a lembrança do quanto foi difícil plantar durante a vida os tempos de satisfação. Por isso, lhe é tão cara a felicidade.
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