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As eleições presidenciais terminaram e o ex-presidente Lula vai retornar ao poder. Uma vitória apertada, a menor diferença entre dois candidatos no segundo turno na história da redemocratização brasileira, para ser mais exato, uma diferença de 2,1 milhões de votos. Lula volta ao poder e Bolsonaro é o primeiro presidente a não conseguir a reeleição.
No discurso da vitória, Lula fala de um país unido e da necessidade de se manter as instituições e a democracia. Há uma esperança que sim. Uma necessidade urgente de construção de soluções e não de se alimentar o radicalismo e problemas.
Eu confesso a você não sou lulista, o PT nunca foi meu voto. Também não sou bolsonarista. Nunca gostei dos dois candidatos que nos sobraram no segundo turno. Lamentei a falta de opção que o país viveu nestas quatro semanas de campanha no segundo turno.
O que ainda fica para ser superada é a necessidade de emergência de uma liderança política que tenha capacidade de ser eficiente e ser vista como superação de antagonismos e não um alimento para as diferenças. Esta eleição fez emergir em parte da população o que temos de pior como seres humanos.
A disputa que terminou com a vitória de Lula, espero que coloque fim ao extremismo. Rompa a trajetória que tirou de parte da população o que se tem de pior dentro de um ser humano.
Vi em inúmeros noticiários a agressão torpe. Assisti a pessoas justificando sua brutalidade como um direito natural do ser humano. O líder político, o aparentemente mais instruído, age como um animal estúpido e depois justifica seu ato instintivo como uma defesa pessoal.
Matar o opositor virou regra e ofender uma prática comum. Apontar e disparar uma arma, não foi ação de defesa contra o bandido, e sim ameaça à ordem. O ser humano comum se tornou o objeto de agressão e arma foi apontada como resposta a discussões tolas.
Discordar colocou muita gente na mira do revólver. Agressões de desequilibrados estão à solta. Pessoas que deveriam ser colocadas em clínica psiquiátrica se tornaram líderes e modelos de comportamento.
Mas, este não é um mal somente do Brasil. Não é algo que está acontecendo dentro do nosso território. Enfim, não podemos considerar uma exclusividade do nosso perfil nacional. É sim, uma demonstração do empobrecimento ético mundial, da limitação dos valores coletivos, a defesa de interesses particulares acima de um bem comum.
Se confunde na retórica atual a liberdade individual com a imposição da particularidade. O interesse pessoal é colocado como o que deve imperar sobre a necessidade da maioria. O desejo de uma pessoa se desprende das condições sociais em que se realizam. A forma de se chegar ao que se quer é eliminar quem se colocar no meio do caminho, o obstáculo.
Temo o extremismo se manter. Ainda tenho receio de o radicalismo estar vivo e esperando a próxima oportunidade para expressar seu ódio. Ainda há um longo caminho a ser percorrido para que possamos qualificar o ser humano e convencê-lo de que o futuro é a construção de possibilidades e não o extermínio da diversidade.
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