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O crescimento de cada nação tem suas peculiaridades. Muito do que fazemos em comparar os estados nacionais e colocarmos uma escala de valor entre eles, onde o mais bem sucedido é visto como um modelo a ser copiado, é um engano. Uma visão míope a que estabelece um padrão de comportamento como a forma mais adequada para o desenvolvimento de toda a economia e uma possibilidade para todas as nações.
Cada nação tem um crescimento distinto por diversos fatores, como já falamos anteriormente, desde o clima, população, relações produtivas, possibilidades materiais etc. O processo de formação econômica é uma variável que vai além da observação de regras impostas para a análises de realidades distintas. O resultado matemático da produção, a quantificação da vida, é fundamental para a economia, mas as variáveis que determinam as ações sociais quantificáveis não são racionais e lógicas.
Se considerarmos a Inglaterra como formação nacional, podemos observar que os fatores que determinaram o desenvolvimento econômico britânico estão ligados a unidade de diversos feudos, governos locais. Uma nobreza que se constituiu com poder econômico, social e militar sobre um determinado território e se impôs com forte influência sobre a localidade onde governava.
Ao mesmo tempo que o poder agrário feudal se fortaleceu, os mercadores das cidades portuárias se estabeleceram em conjunto com os produtores das corporações, os artesãos independentes e os proprietários das oficinas manufatureiras. A comuna, a cidade, passou a ter peso na vida social inglesa. Este tinha influência nas cidades e suas atividades interessavam, assim como o inverso, aos moradores rurais e seus senhores. As trocas internas foram uma atividade fundamental no desenvolvimento da economia inglesa.
Vale lembrar a vantagem inglesa em ser uma ilha, a importância de se estabelecer uma unidade sem ameaças diretas de nações externas. Isto possibilitou a construção de acordos, os quais nem sempre foram o resultado de diplomacia entre nobres e as comunidades urbanas.
O elemento que irá garantir estabilidade para a vida política e econômica inglesa é a formação do parlamento e a subordinação do rei que será uma concessão do poder legislativo. Mesmo em tempos de uma imposição absoluta do rei, como foi o governo de Elizabeth I (1558-1603) quando a Inglaterra conheceu um progresso econômico e o fortalecimento de sua unidade política, a existência do parlamento fez os nobres e “comuns” apoiarem as decisões da rainha.
Não é por acaso que a Inglaterra tem uma legitimação da propriedade privada como ponto de partida para a construção de uma economia capitalista. O sucesso da propriedade privada foi também o sucesso de sua iniciativa. As empresas particulares estavam à frente das ações do Estado. Era o prestígio do sucesso da empresa particular que dava o impulso ao interesse público em uma determinada atividade.
Logo, os desdobramentos da economia inglesa e seu avanço com a expansão marítima e colonização de terras em várias partes do globo, gerou a possibilidade de crescimento da empresa privada. Neste sentido, as 13 Colônias, as quais se tornaram mais tarde os Estados Unidos da América, é uma demonstração do empreendimento de pequenos produtores ingleses que tiveram como base inicial de seus negócios a produção privada.
O caso inglês é sensivelmente diferente do caso de Portugal, a economia lusitana resulta da própria formação do Estado, do surgimento da centralização do poder com uma monarquia que determina a garantia da propriedade e, ao mesmo tempo, muda os privilegiados com os negócios, os “amigos do rei”.
Com uma forte conotação religiosa, nascido dos acordos papais e da luta contra os mouros, muçulmanos, pela “reconquista” da Península Ibérica, Portugal se tornou Estado e a partir disso definiu seu território. A população portuguesa, assim como a autoridade do poder, estava sempre ameaçada pela presença da Espanha, único reino que Portugal faz fronteira. Logo a possibilidade de crescimento econômico lusitano estava no mar.
A dinastia Borgonha, de origem francesa, foi a fundadora de Portugal a partir do principado portucalense com Dom Afonso Henriques de Borgonha, em 1139, consolidando o atual território português em 1297. Logo, o reino luso tem as fronteiras mais tradicionais da Europa. Consagrado pela ordem e reconhecimento do papado, em 1143. Quando Dom Afonso foi nomeado pelo Papa, “Rex Portucalense”.
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