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Emprego, você desistiu dele ou ele de você?

“A rua”, para muitos é o destino esperado.

Quando se fala em emprego diria que a resposta para esta pergunta é as duas. Por mais que a primeira é resultado da segunda. Um grande número de brasileiros estão desistindo de procurar emprego. No Paraná este número chegou no mês de julho a 459 mil.

Desistir significa que em determinado momento, por algum motivo, se considera que a realidade não te deixa opção. Chegou ao fim a possibilidade. E quando se trata de emprego, a própria condição de sobrevivência, a aceitação é dolorosa e convincente, aparentemente. 

O drama hoje é grande para quem não vê mais possibilidades no mercado de trabalho. Mas não se iluda, a resposta da questão que dá título ao nosso texto tem que considerar o que vem antes deste momento. O país já tem um trabalhador com baixa qualificação há um bom tempo. 

Levantamento feito pelo Atento, uma empresa de telemarketing, no mutirão do emprego, em 2019, mostra 504 mil trabalhadores no Brasil de um universo de 2 mil candidatos que se inscreveram para vagas de emprego em evento realizado pela empresa, não tinham qualificações mínimas de trabalho. 

Neste mesmo evento, a rede Pão de Açúcar abriu duas mil vagas, selecionou 700 candidatos e só contratou 32. Os que foram dispensados não tinham qualificação mínima para o trabalho. Sendo que parte considerável das vagas era para caixa de supermercado, o primeiro emprego de muitos que ingressam no mercado de trabalho. 

Logo, diante da crise provocada pela pandemia, a desqualificação é um mal que antecede a doença. Nos acompanha e se faz notar quando a instabilidade bate a porta e somos invadidos pela falta de qualificação. 

De onde vem este mal? Podemos falar de contexto social e econômico, das pessoas em situação de risco, da falta de oportunidades. Contudo, temo que isso seja uma retórica mais que uma realidade. Na condição da miséria, quem é criado nela encontra o discurso de que devemos nos contentar com pouco e que se os pais conseguiram sobreviver sem qualificação, porque o filhão não? Acreditamos que o precário é permanente. O emprego imediato nos permite fechar os olhos e seguir em frente como se esta situação fosse durar para sempre. Não vai. 

Não é porque nascemos na dificuldade que temos que transformá-la em regra. Aceitá-la como condição permanente. Precisamos nos educar a agir para superar nossos limites e construir oportunidades. Não podemos reagir apenas sem condições de ter resultado ou aceitar as coisas como são e não procurarmos uma alternativa. 

Quem desistiu do emprego, desistiu na prática de si mesmo e isso ocorre já faz muito tempo.

Comentários

  1. Hemmerson disse:

    O mundo é um lugar onde a competição é a regra, não importa se você for a pessoa mais bondosa do mundo, se o empregador não for com a sua cara ele simplismente não te contrata. O autor fala em qualificação, porém esquece que nos dias atuais é muito arriscado se qualificar sem uma garantia de contratação, é preciso ter certeza de que o investimento terá um retorno, caso contrário fica difícil de acreditar.

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