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Os estudantes da Universidade Estadual Paranaense (Unespar) entraram em greve. Isto, greve de estudantes é parar de estudar. A reivindicação dos acadêmicos é uma velha pauta das universidades públicas, como a superlotação nos presídios, a falta de professores e funcionários. A dificuldade de ter um grande número de professores temporários, os chamados colaboradores.
Eles estão mobilizados desde o dia 25 de março. Não voltam enquanto não for providenciada a contratação de docentes, uma solução para o problema da falta de recursos humanos qualificados nas academias públicas.
Um dia irá se resolver a pauta da educação? Acredito que não. O que acontece na Unespar de Paranavaí é uma expressão do que a educação significa. Na prática, muito pouco. Ela é apenas uma retórica, se fala, mas não se faz. Uma força do hábito.
Desde pequenos, a maioria dos brasileiros não conviveu com a educação como um sentido da vida ou, pelo menos, um instrumento vital para o futuro. O prazer de se aprender não nos acompanha. O conhecimento científico não nos serve diariamente. O sucesso está pouco relacionado aos estudos. Nesta terra, a lógica da astúcia, esperteza, em manipular as situações vale mais do que entendê-la de forma racional.
Não por acaso, a ignorância é matéria prima para o sucesso da incompetência. Muito do que debatemos é com uma superficialidade doída. Muitas das defesas sociais são ilógicas e erros graves. Quando abordamos os debates intensos sobre os mais variados temas nas redes sociais, há uma dimensão da falta de uma boa educação, escola, em nossas vidas. Sempre é importante separar a opinião de conhecimento científico. A ciência gera consciência e reduz o grau da lógica superficial.
Por isso, a luta dos alunos da Unespar é justa. Reporta a necessidade de valorizar a educação. Tenta sensibilizar autoridades sobre a importância da formação humana. Dar o tratamento que a educação merece como solução aos nossos problemas. Mas, na infelicidade de nossos hábitos repousa o desinteresse em resolver os dilemas das instituições de ensino públicas.
O problema da educação no Brasil é profundo. Denunciada nos valores e sentidos construídos ao longo do tempo. Esse desprezo prático, mas não retórico, de despreocupação com a formação humana. Talvez, e necessariamente, a educação ganharia muito se mudássemos os nossos hábitos em casa, com os filhos. Valorizando a ciência, estimulando o estudo como sentido de uma vida que precisa ser entendida com inteligência, conhecimento racional e não com sensacionalismo. Esta é uma luta mais intensa e dura do que as paralisações das atividades nas instituições educacionais.
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