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Educação: o fosso que nos separa

Pixabay

A discussão agora é sobre o retorno ou não para as salas de aula. Como ele deve ocorrer? Quais séries deveriam retornar? Em algumas cidades brasileiras o retorno já acontece. Em outras se admite que a volta a sala de aula só deve ocorrer no ano que vem. Contudo, muitos estão angustiados com a ausência das escolas na vida de estudantes. A pergunta é quem e por que?

Realmente há uma lacuna que a educação deixou, um apagão. Mesmo que retorne às aulas a perda que estes tempos de pandemia trouxe é irreparável no curto prazo. Ainda vamos viver com as consequências da ruptura por muitos anos. Há muitas lições a ser tirada desta experiência. Isto não se pode esquecer para que não sejam permanentes os prejuízos.

Há um fosso estrutural entre as pessoas que agora ficou cada vez mais claro. Os que têm e os que não tem acesso a tecnologia e podem se apegar a ela para resolver os seus problemas é uma destes divisores de água. Outro é a condição de se proteger do vírus. De ter garantias pessoas para romper o cotidiano de trabalho e se refazer profissionalmente.

Para apontar mais questões podemos falar dos meios de deslocamento, tão falada mobilidade urbana, acesso a saúde e as condições em que as escolas eram antes e vão ser depois da pandemia, por exemplo. Diante desta questão do retorno às aulas esta última questão me parece relevante. 

Para se ter o retorno às aulas há que se fazer uma mudança significativa nos espaços escolares. Reduzir o número de alunos em sala, ter espaços de higienização, controle sobre saída e entrada dos alunos, evitar aglomeração, restringir o acesso a espaços como bibliotecas e laboratórios. Restringir e fiscalizar a produção e comercialização de alimentos dentro do ambiente escolar com rigor. Monitorar a saúde dos alunos intensa e extensamente. Não só dentro do ambiente escolar, mas fora dele. Quem pode atender a tudo isso? Quais escolas, principalmente as públicas, estão preparadas para isso?

Há os que defendem que o retorno às aulas deve ser para todos igual. Não se pode privilegiar uma instituição com melhor estrutura daquela que não tem, o fosso que separa a sociedade vai aumentar ainda mais. A questão é, até quando vamos nivelar por baixo? Por que temos que rebaixar a qualidade das coisas para que ninguém se sinta excluído?

Volto a repetir, os problemas com os quais nos deparamos hoje eles já existiam, apenas ficaram mais expostos. Temos que acelerar na mesma proporção as soluções. Elas ainda são as mesmas, dar qualidade na formação dos seres humanos, investir em tecnologia e estrutura para acabar com esta distância entre as pessoas. Valorizar os pessoas para não ter um capital humano de baixa qualidade e de difícil operacionalidade quando a crise chega.

Fosso já existia, cavamos um pouco mais, ficou mais fundo, e podemos enterrar nele o nosso futuro se não soubermos lidar com o problema. Ações necessárias para reduzir as exclusões já deveriam ter sido feitas antes. Agora elas necessitam de atos imediatos. É hora de fazer a escola se modernizar.

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