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A educação brasileira tem uma longa história. A grande parte dela demonstra o que a sociedade produziu e se organizou ao longo do tempo. O significado da educação está nas relações que estabelecemos na vida social. Seja na economia ou nos aspectos da vida privada, há um valor sobre o conhecimento ou desprezo.
O processo de colonização do país foi marcado pela presença das ordens religiosas e com destaque da Companhia de Jesus. A formação das instituições de ensino se restringia a um número restrito de alunos. Os filhos da elite colonial ou os privilegiados pelas escolhas dos padres. A catequese que se lançou sobre os indígenas teve diversas faces e fases.
Nas relações sociais de grande proporção há uma escravidão estabelecida que não se pode negar Ela durou além do processo colonial. Se estendeu a monarquia. Se decompôs em paralelo a decadência do império. Contudo, enquanto durou, o trabalho compulsório teve uma impregnação profunda na consideração do sentido da vida econômica.
A escravidão fazia desnecessária pensar a produção além da força braçal. A relação direta e violenta da rentabilidade da economia agroexportadora passava longe de inovação. Os engenhos eram os mesmos, com a mesma tecnologia, do início da colonização. “Para que mudar o que sempre deu resultado”, esta é uma percepção que se manteve por séculos na economia brasileira. A educação seguiu esta trajetória e conceito.
Mesmo depois do fim da escravidão, a sociedade passou longe da instrução como condição comum. A escola não se apresentava como prioridade ou possibilidade. Não se tinha o ambiente educacional como condição comum. A educação formal vivia na retórica da vida pública e não na prática da construção da vida. A instrução básica, alfabetização, após a proclamação da república (1889) permaneceu a cargo das províncias, os Estados.
A infraestrutura para abertura de escolas e os poucos profissionais limitou a alfabetização. Mais que isso, a vida não aclamava pela educação como forma de superar ou manter a vida cotidiana. De certa forma, em boa parte do país até hoje há um distanciamento entre a educação e a realidade.
Claro que a educação mudou. Não estamos vivendo os mesmos dramas da escola no Império (1822 a 1889) ou da Primeira República (1889 a 1930). As coisas mudaram. Há uma multiplicação de escolas. A educação ganhou sentido na vida econômica, mesmo com pouca relevância. Ela ainda está longe de ser vista como prioridade para as duas pontas da relação, cidadão e poder.
Em tempos de pandemia, as nossas mazelas estão expostas. A educação é uma delas. Sempre esteve vivendo em condições limitadas, com dificuldades. O que vemos agora é o mais do mesmo. A ausência de uma percepção do prejuízo que é uma educação que parou, não acontece a distância, ou se existe é de forma limitada. Para poucos como sempre, os melhores em estrutura. Ela não é igual e mantém a desigualdade ao longo do tempo.
Nossa cegueira social que nos leva a uma limitação da percepção dos nossos problemas tem uma relação direta com a precariedade da educação. O que significa o acúmulo de problemas. A solução para o que nos atinge diariamente está diretamente relacionada à compreensão do que vivemos e as opções que temos. Neste sentido, o conhecimento é fundamental. Ele nos falta na hora que mais precisamos.
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