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O que sustenta nossa vida econômica e qual o sentido que ela tem? Que vivemos mergulhados na economia isto todos sabemos. Nesta sociedade de mercado, capitalista, tudo tem um preço, um valor. Se não direto, indireto. A condição de superação de nossas necessidades está acessível na condição de mercadoria disponíveis no mercado.
Ao final, se formos refletir sobre isso, nós mesmos nos transformamos em produto. Desejamos consumir e ser consumido. A lógica da coisa parece nos servir. Nossa exposição estética se coloca como um atrativo e acaba por nos expor a uma condição de mercado, a lei da “oferta e procura”. Uma expressão desumana, mas fundamental para compreendermos o “porquê” de nossa busca de nos associarmos a coisas, lugares, pessoas, sentidos publicitários. Nós mesmos nos transformamos em notícia pueril estimulada pelo nosso ego de ser coisa notória.
O ilusório e o essencial se denunciam quando precisamos tomar uma atitude racional diante das nossas necessidades econômicas. Quando precisamos, por exemplo, fazer as contas de nossas finanças domésticas, economizar. Momento em que necessitamos da participação de todos os componentes da família. Aqueles que nos dão, muitas vezes, juras de amor eterno. Acreditamos nesse momento que teremos o apoio incondicional dos seres humanos que nos são mais íntimos. Porém, podemos nos decepcionar.
O que afirmo está implícito nas relações que se sustentam na satisfação das coisas expostas no mercado como se fossem pessoais, sentimentos e desejos. Adquirimos com e para o outro uma infinidade de coisas que se confundem com o sentido do “porquê” vivemos ao lado. Alimentamos a emoção pelas coisas e não pelas pessoas. Sem perceber, o que expressamos de desejo, afeto e carinho são sintomas de uma sustentação material não explícita, mas implícita.
Descobrimos a verdade sobre nossos vínculos nas horas em que este ambiente econômico se desfaz. Quando o sentimento enfraquece no momento em que mais se precisa da permanência de quem se “ama”. Um fato muito comum nos vínculos afetivos que criamos na atualidade. O sentimento é volátil e, quando expresso, intenso. Porém, sua realidade não condiz com a forma como é repetido e exposto esteticamente. Somos aparentes e convincentes.
Logo, quando a busca de um ato econômico racional surge e a necessidade do engajamento dos seres humanos mais íntimos é fundamental percebemos o que “temos” e “não temos”. De forma dura e franca, a vida econômica se expõe e desmascara os devaneios emotivos e sem fundamento. Uma construção se estrutura que a sustente.
Melhor trabalharmos com esta realidade antes que ocorra. Estarmos preparados para ela. Não ficarmos exposto a ter que descobrir em um momento de fragilidade. A dor é maior quando somos obrigados a enfrentar a desilusão em um ambiente de crise econômica. Porém, a difícil tarefa pode ser um aprendizado impagável em tempos em que tudo se paga. A verdade, o que não tem preço.
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