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O mal do mundo sempre foi enxergar a realidade como se tivesse apenas dois lados. Acreditar que tudo ser resumo entre o sim ou o não, bem ou o mal, o satisfeito e o insatisfeito, feliz e infeliz, certo ou errado.
Quem vive um mundo de dois lados é jogado a conviver com opostos que são a possibilidade um do outro, se alimentam de sua discordância. Tem um olhar limitado na condição que o cerca.
Quem te disse que o mundo só tem dois lados.
Não culpo os dualistas míopes como se fossem algo recente, esta divisão de tudo em dois lados vem de longa data. Já faz muito tempo que buscamos compreender para facilitar que tudo está dividido entre a “direita” e a “esquerda”. Quem não está em um lado está no outro.
Para piorar a dualidade medíocre, ainda temos uma visão deturpada do reducionismo bilateral, os que reduzem as ideias ou ideais, se é que existem, dos dois lados em questão. A personificação da limitação.
Quando observamos os argumentos que defendem um determinado princípio, ele está sustentado em uma percepção rasa e curta da vida. Uma experiência pessoal, uma lista de valores entendidos dentro de um contexto deturpado e com pouca comprovação.
Esta dualidade tem se transformado em uma armadilha. Tem pessoas que estão usando desta dualidade para colocar outras em uma situação de risco.
Você já deve ter passado por situações em que foi questionado sobre de que lado você estava. Aquela celebre pergunta, “Você é contra ou a favor?”. Uma pergunta que não te deixa saída. No final, o questionamento é feito para te colocar no paredão da mediocridade.
Vivemos esta realidade e ela é uma expressão da mediocridade.
Quando falamos deste dualismo perigoso, tem uma passagem bíblica que considero fantástica neste sentido. No Evangelho, nas últimas semanas de vida de Cristo, em que os seus opositores, fariseus e romanos, que por sinal eram opostos, queriam arrumar uma forma de condenar Jesus.
Nesta busca incessante era preciso colocá-lo em um dos lados da questão que se resumia o domínio romano sobre Israel, cristo seria favorável aos impostos romanos, a exploração de Roma sobre o povo judeu?
Foi neste ambiente muito parecido com o de hoje que perguntaram a Jesus se ele considerava justo os impostos que Roma cobrava do povo israelense.
Se Cristo dissesse “sim”, ficava mal com os judeus, se ele dissesse “não”, ficava mal com os romanos.
Bom, a resposta de Cristo uma grande parte de vocês conhece. Ele foi brilhante, disse: “Deem a César o que é de César, deem a Deus o que é de Deus!”.
Para os mais limitados, com pouca complexidade, pode considerar que ele foi meio de muro, não quis se comprometer, fugir da discussão, saiu para não se queimar. Mas, não é nada disso.
A resposta é curta e complexa. A questão entre os judeus e Roma não se resume aos impostos. Vai além disso. É necessário conhecer a natureza do tributo em relação a liberdade de um povo. Nada se resume no ser contra ou a favor, certo ou errado, enfim, sim ou não.
Se queremos nos posicionar, temos que conhecer melhor do que estamos falando. O que a grande maioria das pessoas não se dispõe a fazer. O que elas desejam é o imediato, o saber resumido, sintetizado, simplificado a tal ponto que perde sua essência e vira uma banalidade.
Não caia nesta armadilha de um mundo dividido em dois lados, duas posições, duas pessoas, duas condições. Há muito mais a se saber para poder agir de forma consciente. É bom buscar entender e depois escolher.
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