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Não percebemos, mas o poder tem sua cultura. Nós temos na prática da liderança tradições, valores, vícios muitas vezes. Aquelas práticas que se repetem constantemente. Como se fosse um hábito arraigado com o tempo e praticado com naturalidade. Mesmo não previsto na lei.
Seja na família, na empresa, ou na representação pública, os hábitos no poder existem. Em vários momentos é isso que leva as pessoas a buscarem chegar ao poder. Ter acesso e realizar os valores que estão associados a ele. Valores que vão desde o prestígio, o acesso a benefícios, alguns financeiros.
O caso da política é talvez o exemplo mais emblemático. Quantos não ingressam na vida pública a procurar de acumular um patrimônio material, fazer fortuna, realizar-se materialmente. Outros desejam o poder pelo prestígio que lhe dá no acesso a pessoas e funções.
O poder eleva pela titulação, mas precisa ser visto pela sua racionalidade. Há uma função lógica fundada na legalidade. O poder tem uma função para a vida das pessoas. Seja a autoridade dos pais sobre os filhos, dos empresários sobre seus funcionários e dos homens públicos em relação ao papel que desempenham no Estado.
Se espera na família que os pais eduquem de forma adequada seus filhos; o empresário deve administrar a empresa em busca da saúde financeira e garantir dividendos e a eficiência dos comandados; no poder público, o homem público, deve garantir a eficiência do Estado em atender as necessidades da sociedade que administra.
Mas a racionalidade não é o elemento único e muitas vezes fundamental que orienta a decisão do líder, daquele que tem o poder. Esta é uma condição comum a todos que detém o poder. Ninguém está livre das decisões fundadas na cultura, nas emoções. Contudo, ela não pode sobressair sobre a função racional e lógica do poder. Estar acima de sua eficiência necessária ao qual foi criado pela sociedade.
Muitos homens públicos se embriagam no poder. O exercitam marginalizando sua função racional. Geram um ambiente de satisfação pessoal. Desejam permanecer na função pela satisfação que ela lhes dá e menosprezam os atos de racionalidade que deveriam orientar o comando, a decisão.
Filhos são fruto de pais. Pais aprende seus vícios quando são filhos. Nas empresas, o desempenho dos trabalhadores denuncia a administração do gestor. Na política, a ação dos homens públicos são respaldas pela forma como a sociedade aceita ou reforça seus interesses mesquinhos. Há cumplicidade.
Por isso, não vale criticar se compreender a cumplicidade. Não adianta querer combater o poder sem entender sua função. O que temos é a obrigação de lhe dar eficiência. Exigir o cumprimento da função racional dos cargos de liderança.
Se somos enganados por quem detém o poder é porque legitimamos seus atos. Se mudarmos nossa forma de ver a relação, teremos resultados. Mas é preciso agir. Cumprir a nossa parte. Para se ter uma relação eficiente com o poder é necessário entender e definir qual o nosso interesse em relação a ele.
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