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Fui questionado sobre uma postagem minha de muitos anos atrás. Falava do empoderamento masculino. Quando defendi que um homem deve renunciar a ser o provedor e traduzir a igualdade como uma condição que liberta, fui criticado. Abandonar o protótipo do senhor absoluto e se tornar absolutamente independente ainda não é bem aceito.
Critiquei o papel que muitos homens exercem de buscarem em suas esposas uma segunda mãe. Por isso, pode parecer engraçado, o machão nada mais é que um ser domesticado com comportamentos previsíveis. Por mais que os adeptos do machismo não suportem essa afirmação, essa é uma realidade. A mãe do “macho” é sempre uma controladora que ele idolatra e é autoritária.
Os machos gostam de andar com machos e falar coisas de machos. Costumam deixar suas parceiras para poder conviver com outros de sua espécie em momentos de lazer. Logo, há uma certa tendência de o macho amar tanto a si e os da sua “tribo” que há uma certa tendência incutida de buscar o gozo com seus iguais. Logo, podemos considerar que os machos copulariam entre si com prazer. O que não é bem o que um macho gosta de dizer e ouvir.
Parece que aqueles que são tão presos a “tradição” da masculinidade, não percebem que a libertação está na relação da autonomia. Plena independência das atividades pré-estabelecidas e que se quer que homens e mulheres a pratiquem. Igualdade de condições não implica em romper com as diferenças de identificação.
Imagine, um homem que lave sua roupa, as passe, cozinhe, limpe sua casa, faça compras e administra sua vida sem qualquer interferência de um papel feminino carregado da maternidade implícita? Este ser é pleno de independência, senhor de si. Não precisa de uma segunda mãe. Não terá que assumir a gestão das contas, ter que sustentar a vida econômica e ser o garantidor da sobrevivência dos demais sozinho.
O problema do discurso do provedor é que ele aprendeu, de forma perturbadora, conceitos da idade da pedra. Por exemplo, que o patriarcalismo é da natureza humana. Apregoa a lógica religiosa para sustentar o que considera ser uma benção dada ao homem de ser o mantenedor, senhor absoluto do corpo feminino e de sua prole. Contudo, ninguém comprará esse discurso sem uma recompensa e sua manutenção sairá demasiadamente cara na atualidade.
Bancar o senhor do lar na sociedade atual, marcada pela simbologia do mercado, onde o mando não se dá pela manutenção das condições básicas e sim pela garantia do direito ao consumo generalizado, é um capricho. Equipara-se a fazer comida gourmet em casa. “Matar saudade do fogão da mamãe tem seu preço. Ser o patriarca é manter o consumo de sua prole e realizar todos os seus desejos, vai custar caro. Melhor ser um igual e dividir a espesa.
Estamos em um ambiente diferente daquele que nossos avós constituíram suas famílias. Há mais de 30 anos, a tendência de naturalização errônea do papel da mulher “submissa” ao homem era reforçado simbolicamente nos mais variados ambientes. Lembro-me que o apelo da sexualidade feminina relacionada a compra de produtos e serviços era uma estratégia comum das empresas ao fazerem sua publicidade.
Bancos contratavam moças que tinham o padrão de beleza imperante na época para serem objeto de atração de clientes. Essa mesma lógica acontecia em lojas de departamento ou nas aeromoças nas empresas de aéreas. As propagandas tinham o corpo da mulher como produto de consumo.
Esta prática está decadente, hoje, empresas que ainda insistem com esta associação sofrem retaliação e represaria do mercado. Porém, as pessoas desejam comprar sua identidade e diversidade como produto. Nos transformamos em marcas disponíveis do mercado e agora até mesmo a emancipação é simbolizada pela associação ao consumo.
Logo, não se quer ser associada ao velho padrão da mulher submissa e subjugada dentro do ambiente doméstico. Para se ter a submissão a sociedade de consumo estimula associar pessoas a produtos. Ao castrar um ser humano de sua vontade é sempre bom lhe recompensar com os bens materiais disponíveis na prateleira dos mercados.
Para ter a grife de homem impositor, senhor do lugar, patriarca familiar, o investimento será elevado. Um custo alto para que a estética da “tradição” seja mantida. Retorno a falar, diante destas exigências do mundo do consumo e a possibilidade da emancipação, é melhor um homem se empoderar e buscar sua autonomia.
Hoje, os tradicionalistas impositores recompensam a prole com mimos em troca de mandos. Exigem o comportamento de obediência, acabam subsidiando a existência do comandado e ainda são traídos pelas costas. Vivem reclamando da decepção com as pessoas que sustenta.
No passado, os senhores impositores e patriarcais explorava o trabalho dos subordinados, exigia o melhor tratamento e era um bem-sucedido proprietário de bens. Ele tirava seu poder da riqueza econômica que traduzia sua autoridade de senhor absoluto do lugar.
Hoje, os senhores impositores tem que pagar para serem respeitados e seu patrimônio escorre pelos dedos na medida em que tem que subsidiar sua autoridade.
Então, é melhor abandonar o patriarcalismo e focar na liberdade. Você verá, será muito mais atraente com menos custo. E, se alguém ficar ao seu lado, será porque realmente quer e não porque é sustentado. Para quem busca sinceridade é um prato cheio a liberdade.
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