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Estamos aprendendo cada vez mais sobre o coronavírus. Deveríamos aprender mais sobre o Brasil também. Ligamos a TV, o rádio o entramos na internet atrás de notícias e logo temos algum dado sobre o coronavírus sendo apresentado.
Entre os tantos aprendizados que temos sobre a doença está de que as pessoas que têm comorbidades correm mais riscos. Um ser humano que já tenha hipertensão ou diabetes, por exemplo, pode estar mais frágil e ter complicações se pegar a Covid-19.
Mas acredito que a lógica vale para entender a condição do país diante da pandemia. O Brasil é um doente crônico e frágil diante do coronavírus. Nosso histórico de nação nos condena e os números mostram o quanto a miséria de parte considerável da população nos coloca em risco como nação.
Somos uma nação marcada por diferenças, algumas fatais. Se o colorido cultural encanta, a desigualdade econômica e de infraestrutura assusta. Para podermos fazer uma comparação regional é só pegarmos os dados do Pnad Contínua, ligado ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Norte e Nordeste do país concentra a renda média mais baixa da nação, segundo dados de 2019. Os valores são de R$ 815,00 por mês, no Norte, e R$ 886,00 no Nordeste. Para efeito de comparação, na região mais rica do país, a qual também tem seu quinhão de miséria, o Sudeste, e não é pouca, a renda média da população é de R$ 1.639,00.
Claro que nós paranaenses ficamos pensando que estamos distante desta realidade. Não. A metade da população mais pobre do Estado tem uma renda média de R$ 621,00. O Paraná tem seu lado doente e crônico, frágil.
Os dados que apresentamos são de 2019, mas com certeza se agrava diante da crise que estamos vivendo. O que coloca parte considerável do país em risco. Há uma relação direta entre renda e saúde pública. Exatamente esta população é a que mais vai sentir os efeitos da pandemia em toda a sua intensidade, mortes e perda de renda.
Por isso, voltamos a dizer, o Brasil é uma país com comorbidades. Sua doença já vem de longa data e agora se agrava diante da pandemia. Como um ser humano que tem seu organismo abalado por uma doença, a sociedade brasileira também sente os efeitos da desigualdade que atinge a todos, mesmo quem não faz parte da população de risco.
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