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Hoje me deparei com uma série de notícias postadas em vários meios de comunicação. Tantos nos tradicionais como nos on-line. Acidentes de trânsito motivados por embriaguez e excessos dos mais variados; agressões físicas e morais por discussões tolas; feminicídios. Inclusive, um deles, com um perfil tradicional. Uma mulher é assassinada pelo marido que não aceita a traição. Ele, depois de tirar a vida da parceira, tira a sua. Deixa dois filhos pequenos.
A pandemia já nós é um problema, mas nossa conduta cotidiana ajuda a agravar. No momento em que mais precisamos valorizar a vida, colocamos ela em risco ou a perdemos por muito pouco. A violência não nos trará solução. Nos atos e nossas defesas, o que pregamos e exaltamos fala muito de nós. Mesmo os nossos julgamentos e a sentenças que damos é uma confissão dos nossos próprios atos.
O consumo de bebida alcoólica aumentou dentro das residências. Em muitos lares onde o ambiente de convivência mais extenso e intenso revela nossos desacertos com quem convivemos. Há quem se transforma em algoz do parceiro ou parceira, uma ameaça aos próprios filhos e pais. Não precisa ser assim.
O ato extremo sempre acaba em um arrependimento na mesma proporção da intensidade da agressão praticada. Se perdemos o respeito com quem está ao nosso lado, compramos o desrespeito como medida. Seremos agredidos. Os crimes mais violentos que ocorrem nos ambientes domésticos não vem do invasor, mas de quem habita o mesmo teto. A arma que se deseja na mão do cidadão de bem não será apontada em grande parte ao invasor, mas ao parceiro ou parceira que muitas vezes declaramos proteção e amor.
Quero apenas fazer a defesa do diálogo, da sinceridade, do direito das pessoas a serem respeitadas. De não se colocar a vida de nenhum estranho e muito menos de quem nos são próximos em risco. Pedir para que se tenha ciência de que não somos o centro de um universo em que todos devem gravitar em torno dele. Não somos o umbigo do mundo. Ninguém é obrigado a conviver com quem não quer e se submeter a uma vontade alheia que o humilhe e lhe tire a dignidade. Ninguém precisa morrer por isso, também.
Se queremos realmente combater a pandemia, não devemos nos abater e matarmos uns aos outros. Se fizermos isso, já estaremos contribuindo muito para que a pandemia passe sem deixar um rastro de dor maior do que as mortes que ela mesmo promove.
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