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As pessoas tem limites. Mas, qual é o limite das pessoas?
Vivemos a idolatria dos seres humanos que aparentam não ter limites, suportam tudo, estão dispostos a tudo pelos resultados que buscam.
Colocamos, divulgamos aos quatro cantos, principalmente no mundo digital, nas redes sociais, a existência de uma perfeição. Se não na forma de um case, de um exemplo dado, mas em fórmulas, manuais e receitas prontas de sucesso.
Esta promessa da eficiência é ilusória, ela não existe. A propagação de que existe um perfil de ser perfeito e eficiente que tudo pode alcançar acaba por esmagar o próprio ser humano. Lhe colocar em uma autocobrança impossível de ser atingida.
Falta consciência humana ao próprio ser humano e aos ambientes que se frequenta. Se exige das pessoas mais do que elas podem dar e, ao final, se coloca a culpa nelas por terem fracassado. Contudo, isso não é fracasso, é o limite humano.
Precisamos tomar cuidado nas empresas, precisamos tomar cuidado em nossa vida pessoal. Ainda mais porque os que cobram perfeição não são. Os que desejam a vida reta conduzem as suas próprias por caminhos tortos. A questão é, “quem fica sabendo?”
Temos que compreender que se desejamos determinado objetivo, há um limite humano para alcançá-lo. Podemos superar barreiras, podem até superar limites, agora, ser desumano é outra história. Isso é violar uma pessoa a ser o que não pode.
Na vida, estabelecemos metas, temos objetivos, e isso não é ruim. Porém, não podemos fazer do que buscamos o fruto de um delírio. Se há um ponto de partida, de onde saímos a busca de um resultado, há as variáveis que não dominamos para chegarmos onde desejamos. Nem tudo depende de nós, há os outros.
Hoje, as empresas estabelecem metas inalcançáveis, exigem além do que devem. Pessoas são esmagadas por esta realidade constantemente. Por isso, saiba dosar entre a busca e a possibilidade, entre o que se deseja e a viabilidade de realização.
Precisamos ser mais humanos ao olharmos as pessoas que estão à nossa volta. Isso não é aceitar as coisas como são, mas entender que a mudança da realidade depende das possibilidades humanas de serem atingidas.
Um bom exemplo dos excessos e das buscas impossíveis é o mito do voo de Ícaro. O jovem grego estava com seu pai, Dédalo, preso em um labirinto, o do Minotauro. O pai de Ícaro construiu asas com penas coladas com cera para que ambos fugissem do monstro, metade homem e metade touro.
Contudo, o pai alertou Ícaro do perigo de voar alto com aquelas asas com cera. Falou para o filho não se aproximar muito do Sol, pois a cera derreteria e as asas se desmanchariam, Ícaro morreria caindo no mar.
O filho não ouviu a sabedoria do pai, voou alto e a cera derreteu, Ícaro caiu no mar e morreu.
Hoje, muitos querem chegar ao sonho do Sol, mas tem cera das asas, não reconhecem seus limites.
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