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A criança com um símbolo da ingenuidade e bondade é coisa recente. Sim, um bom exemplo é na Época Medieval, séculos V a XV, onde a infância não existia. A criança era um adulto pequeno. Morriam muitos com pouca idade e os adultos não se apegavam aos pequenos. Era uma forma de não sofrer. Não se queria o apego ao futuro, já que ele não existia, já que as crianças morriam cedo.
Conforme a vida foi se prolongando a criança também foi se tornando um a ser cuidado e mimado, era dado o tempo de se brincar, viver a criança com o descomprometimento com a responsabilidade dos adultos. Claro, desde que não fosse de uma família de baixa renda e jogada ainda pequena no mundo do trabalho.
Hoje a infância se estende. Ela em seus próprios ambientes e rituais. A infantilidade dura um longo tempo hoje, bem mais do que 50 anos atrás. Para te falar a verdade, há quem não abre mão dela e continua agindo como um infantil ao longo da fase adulta.
A infância que já foi prática de inocência nos primeiros tempos da existência. Agora ser infantil virou uma proposta de vida, uma maneira de encarar o mundo ou de fugir dele. Agora são os adultos que exigem um tratamento de criança para fugir à responsabilidade.
Os tempos de dureza, trabalho e responsabilidade que chegava para fazer da criança um adulto já não existem mais. Agora, se prolonga o berço, a mamadeira e o choro mimando dos que apesar da idade não cresceram para exercer as responsabilidades que o passar do tempo existe.
Estamos vivendo o tempo dos adultos infantilizados e dos infantis adulterados.
A maturidade já não chega mais com o tempo. Há uma ausência de vivência. Agora, os culpados clamam pela inocência dos infantis. Por isso, nos falta adultos.
Ironicamente começamos este texto lembrando dos tempos medievais em que as crianças morriam cedo. Agora, vivemos tempos em que a infância não acaba mais e os adultos já não nascem tanto.
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