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Sartre considera que os outros são o nosso inferno. Eles nos julgam. Sem este julgamento perdemos a medida do que somos. Impossível considerar o “eu” sem o “nós”. Mas onde devemos colocar o julgamento de cada um? Aqui, nesta questão, repousa a consciência. Como podemos agir diante do que se apresenta em nossa vida? Isto diz respeito ao que temos como medida e valor. Muitos, colocam suas ações impensadas na “conta” do inconsciente.
Para o filósofo francês não há inconsciente. Nada fica guardado em um porão. Somos capazes de ter plena consciência da dimensão de nossos atos. Resta saber qual o grau de conhecimento que temos sobre nós. A capacidade de compreender o que nos acontece e como podemos lidar com estes fatos.
Pela lógica do existencialismo não há um lugar oculto em nossa mente onde se deposita uma memória desligada da consciência, carregada de conteúdo e sentimentos que fogem ao nosso controle. Seria como ter um lugar onde nós selecionássemos quem pode entrar ou não. Este lugar não existe para Sartre. Somos o resultado de nossas experiências contidas em um determinado tempo e lugar, em um contexto histórico com outros seres humanos. Somos condenados a nós mesmos. A este tempo.
Em cada ação nossa se deposita as nossas escolhas. O medo de agir é nosso. O que observamos nos outros, nada mais é do que nosso olhar sobre eles. O que o outro é se traduz no significado que lhe dou. Resta saber o que “estamos” ou “somos”. A vida deve nos conduzir para uma ação concreta. Um lugar determinado. Os outros estarão lá, são parte deste lugar. Não há como fugir.
Na atualidade depositamos no inconsciente nossa covardia. Geramos um suposto depósito de experiências que nos condenam ou absolvem. Se agimos ou não, tem algo que não controlamos que explica nossas escolhas, condutas e, até mesmo, nossa omissão. A falta de coragem de encarar a vida agora ganhou aliados, a banalização da psicanálise. Freud, Jung, Jacques Lacan e Melanie Klein se banalizaram nas explicações dos especialistas em superficialidade de plantão.
Temos que conhecer mais a nós mesmos. Termos consciência do que somos e o tempo em que vivemos. Não agir como imediatistas, fundadas em vontades pobres, centradas em uma lógica umbilical. Hoje, damos ao ser mais pobre mentalmente a ideia de uma superioridade de raciocínio, capacidade de ação e mudança que ele não tem. Mas acredita, por métodos pobres e terapias tolas de venda de soluções fáceis. A ciência morre na boca dos messias que dão a todos um modelo pronto de ver o mundo.
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