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Me assusta, confesso, decidir. Saber que o meu ato será de minha autoria e nunca dividido. Nada que me compete pode ser passado ou repassado a outro. Sou eu comigo mesmo. Nossa, é uma aflição!
Jogado as minhas dúvidas e incertezas, por mais que não expressas, me faz duvidar do poder. Daquele que tenho sobre as coisas que me afetam. A consciência de ter em mente a busca de resultados ou não do meu ato. Era, depois da consequência. A viver o depois, fui em que agi no antes e agora recebo o retorno do protagonismo.
Este protagonismo que é da minha vida. Aquela solitária que se expressa nas inúmeras falas desejosa de ser dividida. Vivo ao lado, faço-me acompanhar e acompanho. Porém, lá estou eu fechado na caixa maior do corpo onde repousa a consciência aprisionada. Se há alma, é ela que grita.
O fechar dos olhos na pequena criança, lá no passado da minha primeira idade, era sumir no mundo. Mas até mesmo a doce infantilidade que ingênua acreditava que ao dormir saia deste mundo e que ele com olhos abertos poderia ser uma invenção, não me acalma na fase adulta e caminhando para o “sono final”. Devo mesmo fechar os olhos e partir. Para onde? Não sei.
Enquanto vivo um dia atrás do outro, na possibilidade da vida ser um “dia mais longo”, o amanhã ainda é resultado dos meus atos. A espera que fiz das medidas que criei e do futuro que forço em um compasso. A existência humana não se encerra com minha partida, mas o que ela significa em mim, irá se desfalecer comigo. Se ficarei na memória de alguém, estarei também aprisionado.
Diante disso, o que são as coisas que creio? O que é a certeza diante da pequenez de minha existência diante de uma espécie humana que se multiplica em tantos outros, nesta massa que me perco?
Minha vida é tão intensa e tão pesada. Ela se consome nos dias e ganha um desejo de permanência que não se realizará. No final, quando alguns sentidos mais aguçados despertam e posso sentir o gosto do que antes não tinha sabor, já é hora de se afastar do alimento e esperar acordar para um novo banquete, o da vida.
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