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Você conhece Max Weber?

Max Weber, um dos pensadores mais importantes para as ciências sociais e econômicas. O jurista, economista e sociólogo deixou marcas profundas no pensamento ocidental. Sua postura deu um perfil novo ao entendimento da sociedade em relação ao positivismo e o estruturalismo expressos por Comte e Durkheim, assim como, o materialismo histórico e dialético de Marx.

A valorização da cultura como sentido do comportamento e da identidade social permitiu o entendimento dos comportamentos diante do nacionalismo crescente. Os deslocamentos populacionais dentro e fora da Europa ocidental deixou uma questão, “Como conciliar os deslocamentos humanos e a formação dos valores culturais do nacionalismo europeu?”

O pensador alemão abre espaço para a compreensão do sentido da ação dos agentes sociais. Como os seres humanos direcionam sus comportamentos diante de valores que consideram necessários serem cumpridos. A ação fundada em modelos. O sentido de valor que direciona o comportamento. E é sobre isso que este texto fala.

O contexto de Weber

Para entender o pensador alemão é necessário entender o ambiente em que o pensamento de Max Weber nasceu. Um ambiente marcado por conflitos de afirmação das fronteiras das nações europeias e da trajetória germânica na formação da Alemanha.

O germanismo é sem dúvida um tema importante da questão weberiana. O sentimento de pertencimento cultural a comunidade germânica que já vinha se desenhando ao longo de séculos, culminou com o nascimento de um Estado Nacional Alemão.

Nem todos os germânicos se incluíram nele, mas foi do germanismo que nasceu a Alemanha. Weber percebeu as contradições da formação da sua nação natal. Entendeu como a organização do poder esteve relacionada as ações dos alemães colocando a formação nacional acima das diferenças regionais, sem perder aspectos regionais, a unidade germânica se consolida.

Uma das percepções de Weber, um economista, além de jurista, cientista social e político, é de que as teses do materialismo histórico defendido por Marx, não conseguiu unir a classe operária no continente. Uma tendência de optarmos pelas causas nacionais a abraçar as lutas internacionais dos trabalhadores.

Esta percepção de Weber se consolidaria com o advento da Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918). Os trabalhadores se alistariam, mesmo com uma campanha do Partido Social-Democrata alemão contra a guerra. A propaganda sindical e socialista denunciava a guerra como um interesse da burguesia, da exploração capitalista, mas isso não foi o suficiente para conter o nacionalismo.

As mudanças nas relações econômicas em toda a Europa atraíram Weber. As mudanças nos regimes de trabalho que alteraram as relações agrárias ainda sustentadas no feudalismo para uma produção capitalista. A análise dos trabalhadores alemães que preferiam o orgulho ao ganho é uma das análises e considerações do pensador.

Quando a Alemanha se unifica, se torna uma das maiores potência econômicas mundiais. Os alemães uniram as diversas regiões germânicas que tinham primazia em setores distintos da economia e, por isso, se transformou em uma potência.

O germanismo, desta forma, foi o elemento de terminante da formação da nação. Esta condição de unidade é que interessou a Weber. O sentimento de pertencimento superou as diferenças regionais, as condições econômicas locais e as rivalidades entre principados e destes com cidades autônomas.

A teoria weberiana em suas linhas gerais

Os fatos sociais são importantes para Weber. Porém, eles devem ser considerados na proporção em que tem uma ação fundada em modelos, baseadas em um sentido de ação carregado de valor.

Desta forma, os modelos de ação são fundamentais para compreender a ação. O comportamento relacionado a outro ou outros tem interesse vital para Weber. Agimos na busca de realizar algo com um sentido que envolvem outro ou outros elementos.

A mãe responsável com a criação dos seus filhos tem comportamentos que expressam esta preocupação. O pai atento ao futuro do seu filho poupa recursos financeiros para lhe garantir um futuro melhor. Muitos pais fazem isso em uma sociedade? Isto é condição determinante de um hábito.

Nos comportamos constantemente para atingir um determinado fim por um propósito. Qual é este propósito? Esta é uma questão importante para Weber. O porquê faço está relacionado com outro ser humano. Qual o grau desta relevância na ação que se toma?

Mas, como os modelos se formam?

A formação dos modelos de ação está relacionada as experiências dos indivíduos dentro de um ambiente social. A relação que estabelecemos ao longo de nossa existência e que consolidam ou determinam valores de ações.

Vivemos diretamente inúmeras experiências em nossas vidas. Inúmeras vezes convivemos com outros, construímos valores e sentidos nas relações que estabelecemos. Convivemos com experiências associadas a comportamentos morais.

Nunca me esqueço de todo o ritual religioso que me acompanhou a vida familiar. A iniciação ao cristianismo passa por inúmeras experiências. Algumas delas, para os católicos por exemplo, na tenra idade, com o batismo.

A partir daí, uma série de outras experiencias ocorrem e vão consolidando nos seres humanos os valores religiosos junto a comunidade que vivem. Valores que são incutidos e passam a se tornar determinantes em nossa identidade e julgamento de valor. Muito do que observamos, julgamos e estabelecemos um sentido de ação será fundado neste modelo.

Por isso, nossas experiências passadas são fatores determinantes para a construção de nossa percepção da condição presente. Desta forma, também, e com base nestes elementos, que vamos dar o sentido futuro a nossas ações. O que vivi, o que estou vivendo e o que desejo viver.

Sempre lembrando que este emaranhado deve ser desvendado pelo cientista social em sua análise. Ele nunca se aproximará da verdade absoluta, porque ela é impossível para Weber. Contudo, deve traduzir com maior fidelidade as condições que orientam as ações sociais.

Weber, diferente de Durkheim, irá se dedicar a condição da ação a partir do agente que a prática, não só ao que se observa em relação ao comportamento. Se para o pensador francês os estímulos são externos, para o pensador alemão eles são internos.

Dentro do sujeito(s) estão os sentidos de suas ações. Neles é que há uma compreensão do que é o determinante para um comportamento se dar de uma determinada forma.

Como fazer esta análise?

Os modelos ideais de ação…

Para a compreensão dos fenômenos de ação se constitui os modelos ideais. Não são bases de ações reais e nem se dão de forma pura. Logo, eles não são a descrição das ações, mas a maneira de análise metodológica para seu entendimento.

Estes modelos ideais são descritos para que se possa ter um parâmetro de análise do comportamento social. Buscar um ponto de partida do sentido que os sujeitos do da ação buscaram. Logo, os modelos ideais de ação colaboram para a classificação e análise do comportamento social, dando orientação de análise e dimensionamento dos elementos envolvidos no sentido do comportamento dos agentes sociais.

O primeiro modelo ideal é o racional lógico à fins ou finalidades. Este modelo é caracterizado pela ação que se justifica na busca objetiva do comportamento. Quando para chegar a um determinado objetivo o agente da ação a racionaliza de forma lógica e executa suas etapas com foco no objetivo desejado.

A objetividade da ação está relacionada diretamente a intenção. Se desejo me formar em uma determinada profissão, faço o curso. Se tenho quero guardar dinheiro, poupo. Se pretendo unir as duas margens de um rio, faço uma ponte. Se quero me tratar de uma doença, sigo a orientação médica.

Já, no modelo lógico em relação à valores, a ação é determinada pelo valor moral e ou cultural ligado ao comportamento. Desta forma, a ação não se justifica pelo objetivo desejado, mas os valores relacionados a ação que se toma, por mais que ela possa contrariar o interesse objeto que ela expressa.

Os valores que uma sociedade cultua podem orientar uma ação. Quando uma pessoa é religiosa, muitos dos seus atos estão direcionados ao valor moral que implica em buscar a salvação. O comportamento é direcionado no sentido de não pecar. Agir para atingir a salvação após a morte. Em alguns casos, contrariando a racionalidade objetiva que pediria uma ação diferente daquela estabelecida pelo valor.

O terceiro modelo ideal é o tradicional. O comportamento que se tem por que ele já se repete ao longo do tempo e por isso é mantido. Na tradição política, se mantém voto em determinado perfil de candidato por considerar que ele é a manutenção segura do comportamento que por gerações se mantém.

No Brasil, o coronelismo é a expressão da associação dos grandes proprietários de terra ao poder político. Nesta influência das famílias tradicionais de poder agrária se criou ao longo de séculos a permanência no poder. Logo, o voto em uma determinada família de coronéis se perpetua e ainda hoje ocorre.

Quantos hábitos tidos como “tradicionais” se preserva ao logo do tempo e se consolida. Se faz por segurança de saber a consequência do ato ou se acreditar que é o melhor a ser feito para evitar surpresas ou perdas do que se tem.

Por fim, o quarto modelo é o emocional ou afetivo. Este modelo é marcado pela emoção que determina a ação. O sentimento que se tem por aquele por quem se orienta o ato. Pode ser a paixão ou a vingança.

Aos que já tiveram ações marcadas pela paixão é fácil perceber o quanto e faz contrariando razões, valores e até esmo a tradição pela emoção. Ao mesmo tempo, quando se tem a vingança, a satisfação pode ser marcada por um planejamento racional. Aquele que se deseja atingir pela vingança sobre as consequências de um plano pensado racionalmente.

Considerações finais…

Há muito mais a se falar de Max Weber, mas, por enquanto, está considerações colaboram para um entendimento mínimo de seu método de análise. Um pensador que soube aliar a observações dos fenômenos sociais aos elementos de valor social que estimulam e pode colaborar para o direcionamento da ação.

 

 

 

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