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Viver é Habitar: O Cheiro das Casas, o Silêncio das Presenças

A alma que se espalha pelos lugares

Viver, para além do calendário e das obrigações, é habitar. E habitar é mais do que simplesmente ocupar um espaço: é imprimir-se nele. Deixamos marcas — algumas invisíveis como o cheiro da pele nas almofadas, outras mais profundas, como o som do nosso riso na memória das paredes.

Habitamos todos os dias lugares diferentes. Alguns íntimos como o quarto em silêncio; outros, públicos e cotidianos, como a calçada que se repete a caminho do trabalho. Cada um desses espaços é uma extensão da nossa subjetividade — uma moldura para o que somos sem perceber.

O corpo como testemunho e o ambiente como espelho

Há quem pense que a vida se faz apenas no pensamento ou na emoção. Mas ela também se espalha no ar. Nosso cheiro, nosso tom de voz, a maneira como arrumamos a mesa ou deixamos a cadeira ligeiramente torta — tudo isso são modos de existir, discretos, mas persistentes.

Assim como deixamos algo nosso nos lugares, também trazemos deles alguma coisa em nós. A casa nos amolda. A rua nos acelera. O escritório nos contém. O jardim nos devolve o verde dos sonhos antigos. Somos o que os lugares nos permitem ser — e também o que resistimos em ser, apesar deles.

Os vínculos invisíveis entre pessoa e espaço

Cada espaço que frequentamos — seja ele de passagem ou permanência — nos afeta com mais intensidade do que imaginamos. O cheiro do café no corredor, o toque da maçaneta fria, o ruído das conversas ao fundo: tudo isso faz parte de um cenário que nos atravessa.

Mas também é verdade o oposto: afetamos o espaço com nossa presença. Talvez não saibamos, mas somos memória nos lugares. A lembrança de uma voz, o jeito de acender uma luz, a dobra deixada na cortina. Em convivências longas, tudo se entrelaça. Como num velho sobrado onde o tempo se esconde nos detalhes, deixamos traços nossos que nem mesmo percebemos.

O ser moldado pelo mundo e o mundo moldado pelo ser

Afinal, quanto do que você é vem dos lugares que frequenta? E quanto desses lugares já foi moldado pelo modo como você caminha, fala, silencia ou olha?

Viver é, enfim, um pacto contínuo entre o sujeito e o espaço. Uma dança lenta entre o que somos e o que nos cerca. Uma forma de fazer morada em si mesmo, através do mundo.

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