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Viva a Revolução!

Pixabay

Quando professor de história a Revolução Francesa exercia fascínio sobre muitos alunos. O tema trazia a tona a discussão de um movimento social amplo que romeu a velha estrutura, fez ruir o que se chamava de Antigo Regime. Ela ainda é tema de pesquisa por cientistas sociais a busca de entender suas inúmeras facetas e personagens. 

Ela também tem suas ironias. Uma, entre tantas, diz respeito a três dos seus grandes líderes. O médico e jornalista Jean-Paul Marat foi morto em sua casa, na banheira, Georges Danton, advogado e político, e Maximilien Robespierre, também advogado e político. A “revolução os engoliu”. 

Marat foi assassinado em sua banheira, de onde praticamente não saia pelos problemas de pele. Charlotte Corday sempre foi associada ao seu assassinato. Ela que era simpatizante dos girondinos, opositores do grupo defendido por Marat. 

Robespierre e Danton morreram jovens, mesmo para os padrões dos tempos revolucionários. Antes dos 40. Diferente de Marat, a morte chegou para dois dos principais líderes revolucionários jacobinos pelas mãos da própria revolução que tinha ajudado a construir. Ironicamente, Robespierre, antigo parceiro de Danton, foi um dos articuladores de sua condenação e execução. 

Antes de ser levado à guilhotina, destino final em vida dos que traíram os princípios revolucionários do radicalismo jacobino, Danton pronunciou se dirigindo a Robespierre, “a revolução é como um Saturno, devora seus próprios filhos”. O que ele na prática fazia era profetizar a morte do ex-companheiro e algoz. Tempos depois era Robespierre que se destinava a morte pela lâmina que lhe decepou a cabeça já perdida pelos delírios e desejos de poder absoluto. 

A Revolução Francesa (1789 a 1815) é um processo de êxtase das relações e instintos humanos, dos mais pobres aos mais torpes. Ela muda, transforma, rompe e inverte. Dentro de seu corpo há recuos. Quase sempre é fruto de uma crise. Mas deixa legados imensos para as gerações posteriores. O processo revolucionário francês é o exemplo máximo da influência revolucionária ao longo do tempo. Resumida em uma palavra, liberdade.

O iluminismo, corrente teórica que inspirou as lideranças revolucionárias francesas, era um discernimento de poucos. É sempre bom lembrar que o povo segue os caminhos que apontam algumas mãos para chegarem em um lugar melhor, sem saber para onde vão. A grande maioria da massa humana quer uma vida normal, mas acaba, pelo desejo, contribuindo para que o costumeiro se rompa. O povo é cego, mas é a força maior a ser conduzida nas ações que rompem a ordem. A Revolução Francesa é um exemplo magnífico disso. 

Hoje, não temos claro o que a Revolução Francesa representou. Ela é para a grande maioria apenas um fato histórico que se distancia de nós ao longo do tempo. Há os que querem lhe tirar o brilho de ser o marco da cronologia com o nascimento da Idade Contemporânea. Aqui vale uma questão, “qual grande revolução alterou o destino da humanidade como a francesa?” 

A liberdade é seu legado. Descrita sobre a condição da igualdade dos homens perante a natureza e as leis. Isto vale ainda hoje. Exatamente porque ainda há quem não seja livre. Também é a revolução iniciada em 1789 que determina a convivência entre os iguais. Uma busca incansável que ainda temos. Ainda é o nosso grande dilema associar os nossos desejos pessoais com a vida social. A liberdade como um direito de cada um e uma condição de todos. 

A Revolução Francesa ainda está se fazendo e deve se fazer. Ela é ainda, para muitos uma busca revolucionária. 

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