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Vítimas de si mesmo

Quando queremos nos redimir da culpa, pedimos perdão. Quando não se quer a desculpa, o desejo de sequestrar o culpado é a intenção. A pena não é única, é a condição eterna da dívida. Tem gente que não esquece para poder usar da culpa como defesa de seus próprios erros. Para estes: “Perdoar? Jamais! ”

Não há acordos, há desacordos. Sempre conflitos para se manter o outro endividado em sofrimento constante. Não se resolve para poder manter-se com um eterno trunfo. A vida em si, lhe faria um derrotado.

Nesta condição se fundamenta a praga do mundo contemporâneo, “A Vitimização”. Esta doença que se faz coletiva onde se propaga a ideia de que se sofre com o mundo para não ter que viver a responsabilidade da dor que se carrega. É mais fácil aliviar o peso sobre as costas alheias do que assumir o que se é, assumir suas próprias culpas.

Apontar o dedo para o outro virou norma de livramento dos vitimados. Encontrar quem assume as culpas dos males para não se perceber o mal que se faz. Assim, não se cresce, apenas se valoriza a condição de agredido eterno. Uma zona de conforto que permite não ter que assumir nada e ter o direito a tudo.

A inclusão dos vitimados cresce constantemente. Se arregimenta um grande número de pessoas que se associam a rejeição discursiva e se identificam com a agressão que nem sempre sofreram. Buscam exigir reparações, indenizações, serem subsidiadas.

Uma leva imensa destes seres acaba por criar uma “nebulosidade” sobre o problema dos verdadeiros excluídos. Eles se associam ao que não tem direito e acabam ganhando destaque. Colocam-se no holofote da representação máxima dos perseguidos e injustiçados.

Ou paramos com isso, ou perdemos o senso do que é justo ou não é. O que deve ser feito e quem merece nossa atenção e quem não merece. A construção desta falsa vítima que se propaga nos ambientes midiáticos, nas retóricas da análise sociológica e psicológica de baixo nível, da teoria da particularidade, deturpa uma análise objetiva da verdade.

Ao final, a falta de maturidade acaba por ser o fator de alimentar a vítima retórica. Vivemos o tempo em que as pessoas estão intolerantes a negatividade dos seus atos. Não suportam quando tem diante de si a contrariedade. O fator fundamental que amadurece o ser humano.

 

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