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Vivemos tempos incertos? Sim, não se pode prever o futuro. Contudo, há tendências que se constroem ao longo do tempo. Aquelas que somos capazes de perceber. Um vício. Contudo, não quero afirmar que isto é um ciclo, algo que se repete. Nada retorna. Apenas temos uma tendência a comportamentos com lógicas semelhantes.
Do que estou falando? Há um pensamento político brasileiro. Característico na América Latina. Um deles é o militarismo. A consideração que as Forças Armadas são a solução para o país em crise. Destaque para o Exército neste sentido. A proclamação da república no Brasil (1889) é o momento em que a lógica se consolida em ato.
Porém, ao longo da república o papel da instituição militar como salvação nacional se manteve e por diversos momentos se transformou em busca pelo poder. A eleição de Hermes da Fonseca, sobrinho do proclamador da república, no é um exemplo. Eleito, assumiu em 1910. Mas depois dele o movimento tenentista na década de 1920, derivado do Clube Verde Oliva, tentou a tomada do poder.
Getúlio Vargas, golpista, assumiu o poder em 1930 aliado às forças armadas. Aliou o militarismo ao que mais tarde se consagrou como populismo. O trabalhismo do gaúcho iniciou sua jornada de farda. Em sua “carta testamento” apresentada ao público em 1954, quando se suicidou, marcado por corrupção e desmandos, Vargas clama ter sido o líder de uma revolução que nunca ocorreu.
Mas foi com o autoritário gaúcho que se instalou a paixão personalista e populista. O amor ao líder. A idolatria ao personagem independente do que ele representa. Esta construção do trabalhismo, o discurso na defesa do pobre, do operário, do camponês que ainda sobrevive como meio de manobra e não de representação.
O esquerdismo extremista e que prega a desordem e o desrespeito a instituição. O ex-presidente Lula se destaca como um personalista e populista. Esta ideia do “herói pátrio” vitimado. Vargas já usou deste discurso no passado. Não é novidade a retórica do ser perseguido. Aquele justiceiro popular que os “poderosos” não deixam governar ou tem seu poder.
“Nossa história nos condena com a busca de um líder que nos salve de nossos males. Damos ao outro o poder de decidir por nós e não somos capazes de nos organizarmos como povo e nos representarmos de forma lógica no poder”
De outro lado há os militaristas, apaixonados pelo extremo como os populistas. Também dizem combater os poderosos. Querem moralizar o país ajudando o povo brasileiro, como o populista exalta. Contudo, vale lembrar que as duas correntes do pensamento político brasileiro levam a mesma coisa, excesso de poder do estado e intervencionismo. Ironicamente na fachada tão opostos e na prática tão parecidos.
Hugo Chávez na Venezuela, e seu fiel escudeiro, Nicolás Maduro, são uma expressão do militarismo aliado ao populismo. Não é diferente o papel que exerceu Evo Morales até recentemente na Bolívia. Autoritarismo golpista. Liberdade e democracia não podem passar por estes personagens caóticos e sem merecimento. Romper com esses vícios é fundamental se queremos uma sociedade justa e livre.
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