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Onde estão os nossos olhos que consideramos estar tão atentos? Ultimamente falamos sobre os dois candidatos que disputam o segundo turno como o fator determinante de nossas vidas. O mais importante é discutir, decidir e saber quem será o próximo mandatário do país. Este é o tema que impera nas principais manchetes dos jornais, sejam eles em qual plataforma for.
Enquanto isso, há temas constantes que já foram relevantes e agora estão no anonimato, mas demonstram quem nós somos já há um bom tempo. A dengue por exemplo, já tem mais de mil e duzentos casos no Estado. A chegada do calor e humidade preocupa. O número de casos foi significativo mesmo com temperaturas baixas.
A Covid-19 já levou a vida de 687.710 brasileiros. Parte considerável da população não tem ido se vacinar para tomar as doses de reforço. A doença, nas últimas 24 horas, no Paraná, levou a vida de 11 pessoas, no Brasil foram registradas 298 mortes.
Nos últimos dois anos a fome atinge mais de 33 milhões de brasileiros. Para este problema, crônico no país, não há vacina que resolva, é necessário um prato de comida. Mais que isso, é necessária a condição objetiva da sobrevivência se queremos acabar com a dependência e gerar dignidade humana.
A maioria das famílias que tem insegurança alimentar são lideradas por mulheres e são pessoas pretas e pardas. Perfil característico da sociedade brasileira desde sua formação. O machismo e a escravidão que deixa sequelas. Os dados são do Mapa da Fome.
São tantos outros problemas que já nos acompanham faz tempo, que a lisa poderia ser extensa e interminável. Que não se resolve com o passar dos anos, que se agravaram em determinados momentos, e que sempre foram uma marca da nossa vida.
Será que isso vai se resolver com a escolha de domingo? Será que é esta a escolha que vai nos tirar dos problemas crônicos históricos? São estas as nossas opções e obrigações como cidadãos para resolver o que nos atinge? Eu acredito que não. Por sinal, acredito que esta condição que vivemos é que nos faz ter as opções que temos. Nossa falta de qualidade nas opções é fruto de nossa falta de atenção aos problemas.
A democracia é o menos ruim das formas de governo. Não considero ser sua culpa os nossos males, muito menos as instituições que nos governam. O problema são as nossas escolhas que expressam nosso critério. E aqueles que fizeram da política a profissão se alimentam de nossa desgraça. Eles têm uma eficiência em se tornar “candidatos a resolverem o que nunca se resolve”.
Talvez este seja o segredo, os problemas crônicos levam ao poder os mesmos seres humanos que se sustentam do mal que prometem combater. Se acabar com o mal acaba com a necessidade destes seres. Só não percebemos que eles precisam que o mal se mantenha para que se mantenham também como escolha e, por consequência, no poder.
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