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7 de setembro de 2021 será marcado como o dia do espetáculo, mas as cortinas se fecharam e a vida segue. Para grande maioria dos brasileiros que acompanharam as manifestações contra e a favor do presidente da república assistiram as falas agressivas, a excitação e decepção. Teve até quem é apoiador do presidente se se desiludiu por ele não ordenar a invasão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Um dia para assistir ao nada. Como não é de hoje na história do país. Não sei por que, lembrei de Jânio Quadros. O presidente que não foi. Assumiu a presidência em 1961, fez uma campanha de “varrer a corrupção do país” e em sua ingovernabilidade, argumento ser perseguido pelas forças ocultas que não o deixavam governar. Lembrando que Jânio é maior do que o que estamos assistindo hoje. Renunciou aos sete meses de governo.
Lembro-me também de Collor, em 1992, fazendo caminhadas com camiseta e pedindo apoio diante do processo de impeachment que o assolava, esperava força popular para se contrapor ao fim. O epílogo se deu sem que Fernando Collor pudesse escrever alguma linha à mais do seu governo. Por mais que deteste elevar o nome do alagoano, ele ainda representou mais do que o que estamos vivendo. Seu vice, Itamar Franco, trouxe dias melhores.
O presidente falou aos seus apoiadores, discursou em São Paulo, em plena Paulista. Quem lembra na história João Goulart assinando as Reformas de Base, em seu desespero populista, tinha algo a oferecer. O que tem Bolsonaro?
Agora, vivemos os gritos e berros de uma busca a um passado que não volta e nem tem motivos para voltar. Falar em instalação de um governo de exceção no Brasil em pleno Século XXI é uma vergonha que já reflete nos principais jornais do mundo. Ninguém leva a sério o país.
Fiquei à espera de que o presidente falasse do desemprego, da inflação, da busca da geração de renda, da recuperação do país, das reformas necessárias, da vacinação e, até mesmo, da crise hídrica. Nada disso ocorreu. Ele apenas fez ameaças e falou dos seus inimigos. Personalizou o que considera o mau e não enfrentou o problema.
Pensando em Jânio, Jango e Collor, guardadas as devidas e necessárias proporções e contextos, vejo mais um presidente em desespero. Apenas isso.
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Gilson sempre sensato e à frente de seu tempo. Com poucas palavras sua narrativa traça uma linha do tempo com mudanças de personalidades mas sempre no cenário caótico de desgovernância.
Obrigado pela sua participação. Feliz pela sua análise.