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Tribos urbanas: para o bem ou o mal

Quando falamos de tribo vem à cabeça as tribos indígenas que habitavam as terras do continente antes da chegada dos europeus. Também há os que se lembrem das tribos africanas, seus rituais, que repousam no imaginário das expedições que percorreram o continente africano, dos filmes dos colonizadores, da figura do Tarzan. Alguns, poucos, podem se lembrar das tribos nômades que percorriam as regiões desérticas do Oriente Médio ou do norte africano, fazendo comércio.

Mas as tribos podem estar mais perto de você do que imagina. Estamos convivendo com as “tribos urbanas”. Inclusive o conceito foi criado pelo cientista social francês Michel Mafesoli. Um dos analistas da vida urbana, campo de conhecimento que passou a atrair os antropólogos. O conceito de tribo, daqueles que compartilham valores e se organizam como comunidade, com seus rituais, passaram a povoar a vida das cidades.

No tribalismo há cultura, há expressões de arte, esporte, lazer, hábitos, também, de violência. Ilusão de quem considera que a organização de agrupamentos tribais é fruto da marginalidade. Os membros destas tribos têm as mais diferentes origens. Médicos, comerciários, farmacêuticos, policiais, garis, bancários, empresários, estudantes… Logo, pode se concluir que não é uma questão de formação ou renda que define os membros da tribo. O valor comum os abriga.

Em grande parte, as tribos têm seus rituais de iniciação. Etapas a serem cumpridas para que seja aceito e, também, para que ascenda na hierarquia da organização. O prestígio, a honra, está associado à ética esperada diante de valores morais. O sentido de sua existência, as ações que os impulsionam e alimentam são variadas. Da filantropia a agressão, as tribos urbanas existem para o bem e o mal. Buscam humanizar o que o ambiente urbano expressa na individualização e isolamento.

Skaitistas, motoqueiros, roqueiros, religiosos, surfistas, punks e hippies são alguns exemplos. Construir no espaço urbano um significado de convivência além da mera sobrevivência cotidiana. Viver e ter prazer na vida que se leva. Satisfações, muitas vezes mesquinhas, porém, intensas. Desde sair para propagar a arte a andar em “bandos” para espancar os “gays”.

Nas tribos urbanas, nas periferias dos grandes centros, também são expressão do fenômeno. Em Nova York, por exemplo, há os colombianos, venezuelanos, porto-riquenhos, enfim, os latinos que se dividem e lutam entre si. Eles se opõem aos coreanos e aos negros, que também tem suas tribos. A guerra entre os marginalizados alimentando a marginalidade. Mas “alivia” e canaliza o desprezo. Os neonazistas sempre nascem deste meio.

Tribos urbanas vieram para ficar e devem se multiplicar. Entendê-las ajuda a não discriminar e a descriminar o fenômeno social de nosso tempo. Elas lembram nossas origens em rituais. Em alguns casos necessários para o respeito, em outros, uma união para a expressão do instinto autodestrutivo da espécie. Coisa dos seres humanos, de ser humano.

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