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Todos ouvem, poucos escutam

Um mundo de diálogos surdos

Há que saber escutar mais do que ouvir. Porque ouvir, todo mundo ouve, quer dizer, nem todo mundo. Mas, escutar, isso exige atenção. O que poucos estão dispostos. Dar atenção ao outro é condição rara. A grande maioria das pessoas quer mesmo é ser ouvido, melhor dizendo, escutado.

Quando vamos aprender que um diálogo exige uma troca. Sim, troca de informações, experiência, conhecimento. Troca de atenção, principalmente. Conhecer as pessoas é prestar atenção nelas e não ter pré-julgamento. 

Vamos ser sinceros, a grande maioria das pessoas antecipa o que o outro fala. Complementa com sentenças aquilo que se quer foi terminado pelo outro durante sua fala. A pessoa nem terminou o raciocínio e você já está mentalmente decretando e condenado o que está sendo falado. 

Temos que aprender a escutar os outros 

O preço desta surdez crônica é a condenação da convivência e o estímulo a violência. Sim, estamos estimulando atritos quando não somos capazes de conhecer os outros, convivermos com eles e prestarmos atenção no que está falando. 

O que é engraçado, é que aumentou o número de plataformas de comunicação. Os meios de comunicação se multiplicaram, ficaram mais acessíveis. A maioria de nós tem nas mãos uma potente ferramenta de comunicação. Quantas mensagens enviadas e recebidas todos os dias. Porém, isso não melhora a nossa capacidade de nos comunicarmos de forma eficiente, de conhecer os outros.

Se o diálogo é a maneira de superarmos diferenças, as plataformas sociais são um campo fértil do estímulo à agressão. As ferramentas de comunicação estão nas mãos de quem não tem tolerância. Perdemos de vista a existência de uma outra pessoa. Para muitos, o mundo deve ser medido pelo próprio “úmbigo”. E isso não é um critério adequado para quem deseja se comunicar. 

Precisamos sair dessa redoma. Precisamos aprender a conhecer e reconhecer as outras pessoas. Temos que fugir da sedução do espelho, de buscarmos nós mesmos e sairmos da solidão dos diálogos surdos. 

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