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Troféus na estante. São muitos. Quem olha a galeria pensa estar diante de um vencedor. Será?
Nem todos os prêmios demonstram o valor de quem os possui.
Você pode considerar que se alguém expõe seus títulos de glória é a demonstração clara do trabalho bem-feito, de todo o suor e dedicação que a conquista exigiu.
Cuidado, as aparências enganam! No mundo de hoje, a imagem do bem-sucedido pode não condizer com a real história e condição do estético vencedor. “As aparências enganam” é condição mais comum do que você imagina.
Sim, em tempos distantes, outros não tão assim, aquilo que se via na aparência das pessoas tinha uma relação direta com sua história de vida.
Na Europa do Século XVI ao XVIII, as vestimentas da nobreza estavam ligadas diretamente as pessoas de prestígio. O que se via no adorno das pessoas era correspondente ao que sua vida representava.
Outro exemplo, as tribos africanas, americanas, as civilizações que habitavam os territórios destes continentes e ainda abitam tinham e tem a prática de pintar no corpo dos membros de sua nação os símbolos das vitórias e prestígio. Se tem a pintura, pode confiar.
Um guerreiro, um caçador, um herói e seus grandes feitos estavam e estão simbolizados nas pinturas e adornos. Ninguém teria a coragem de mostrar um troféu que não tivesse conquistados pelo mérito.
Na atualidade muitas pessoas apresentam seu troféu. Porém, parte considerável deles está sendo mercantilizada e pode ser exibida pelo mais medíocres dos seres humanos. Se ele pode adquirir a aparência pode gerar a idolatria da essência.
Na indústria da divulgação os que se mostram como conquistadores nem sempre são vitoriosos como gostam de se mostrar. Eles estão distantes de serem o que o mundo estético que frequentam parece apresentar como perfil dos seus membros.
Na representação da sociedade atual há um número significativo de ativos participantes que expressam seus interesses e vontades como se fossem nativos do lugar e gloriosos. Contudo, na realidade, não condiz os símbolos e significado do que manipulam com sua realidade.
Logo, as coisas ficam cada vez mais difíceis. Afinal, literalmente, este mundo mágico e uma ilusão perigosa.
Ser enganado é coisa antiga. Há ao longo da história inúmeros mentirosos, ilusionistas, oportunistas, seres que demonstram o que nunca foram. Nada isso é novidade.
A grande novidade é a comercialização da ilusão. A venda da mentira como proposta de consumo social. O mercado da ilusão está crescendo. A vida nos permite mercantilizar a estética e transformá-la em uma realidade consumível por grande parte das pessoas. Sim, a mentira pode ser uma aparência que se passa pela verdade.
Digo mais, deste sonho tem muitos que pagam para não acordar.
Chegamos ao ponto de que a mentira faz parte daquilo que se deseja como algo naturalizado. O que se chama de experiência do consumidor é também o direito de incorporar o personagem do herói sem jamais ter participado de uma grande aventura, de uma batalha ou grande feito.
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