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A grande maioria das pessoas não gosta de mudança na rotina. Nossa vida acaba por se acostumar, vira hábito. O hábito tende a virar certeza e cair no automático. Logo, cada um de nós age sem pensar. Porque tudo estará se repetindo como antes. A monotonia desanima, porém, o hábito faz com que não percebamos o valor que as coisas tem.
Somente quando chega a ruptura desta “história” que se repete todos os dias é que vamos percebendo que há um valor por de trás das coisas costumeiras. Alguns destes valores não nos causa prejuízo. Sua perda acaba sendo incorporada de alguma outra forma e logo estamos acomodando nosso cotidiano. Porém, há o que se enche de sentido e que não estávamos acostumados a valorizar.
A família por exemplo entrou em nossa vida em cheio, para o bem ou para o mal. Nos colocamos diante das pessoas que vivíamos no mesmo teto de forma mais constante. Neste momento, de um cotidiano unidos fisicamente, por um lado o amor despertou e por outro o desamor também. Alguns se aproximaram e redescobriram o sentido do porque estão juntos e outros amargaram a saudade da velha rotina para não ter que encarar o desamor.
De algumas outras pessoas nos separamos fisicamente. Aprendemos a ter contato de outra forma. Usamos a tecnologia para nos comunicar como nunca. A linhas telefônicas, a circulação nas redes sociais e o uso de aplicativos congestionou no lugar das vias públicas. Nos reunimos de forma on-line e tomamos decisões reais. A conversa virtual nunca expressou tanto e tomou tantas decisões.
Uma das mudanças que considero importante para uma grande maioria das pessoas é a solidariedade. O respeito a vida em comunidade, o quanto que a coletividade conta na vida particular. A importância de preservar os outros para preservar a nós mesmos. Acredito que para esta geração esta mensagem foi dada. E que seja de forma permanente.
Pelo que tudo indica vamos enfrentar nos próximos dias o pico da doença. Serão duas semanas decisivas. Temos no comportamento de cada um o elemento mais importante para enfrentarmos o desafio de evitar a contaminação em grande escala. Fazer com que a onda de pessoas atingidas pela doença não seja elevada demais que venha a comprometer decisivamente a estrutura de saúde. O aprendizado com a mudança conta. Agora é a hora de colocarmos em prática o que aprendemos. Agirmos com responsabilidade mais do que nunca.
Um dia, a pandemia vai passar, muitas vidas foram perdidas, e que a lição fique. Não podemos deixar que as mortes que a doença causou seja em vão. Somos os que sobreviveram que podem fazer de nossas ações uma homenagem aos que perderam a batalha contra a Covid-19.
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