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Não há coisa pior do que ouvir os envolvidos falando do seu envolvimento. Não há relato mais incerto do que aquele que é dado por quem vivenciou o fato relatado. Sempre estará em sua parcialidade um tanto da distorção sobre a realidade. Às vezes, relatos de pura fantasia idealizada ou mal intencionada.
Este é um momento muito delicado, como todos os momentos que passamos por crises. Julgar na hora em que os fatos acontecem é dar espaço para injustiças. Muitas que tem um preço e prejuízo irreversível aos acusados. Por isso, este é um momento de muita cautela. É preciso pensar muito antes de falar.
O sábio pensa antes de falar, o tolo fala sem pensar.
Mas, como entender a crise que estamos vivendo? Há maneiras de se errar menos, por mais que, sempre existirá uma margem de erro.
A primeira coisa a se fazer é compreender que toda a experiência vivida pode ser medida com as que já tivemos antes. Entender de onde viemos e como chegamos até aqui é uma valiosa informação para evitarmos enganos, por mais que eles possam ser cometidos.
Os mais sábios, ao buscarem compreender o passado que nos fez, sabem que não é o passado pessoal, a experiência individual, a nossa interpretação limitada às nossas experiências que nos dará a melhor resposta. Compreender que uma sociedade é feita de relações complexas, heranças múltiplas e experiências diversas.
A nossa forma de ver as coisas é nossa. Ela pode não servir para o entendimento de outras pessoas. Por isso, a ciência, o conhecimento e a compreensão racional é o caminho mais adequado. Não as nossas percepções emotivas e acaloradas pelas experiências imediatas, sem uma dimensão exata da sua proporção e lógica na vida social, econômica, política ou cultural.
Não estou aqui condenando a realidade a repetição da história. Aquela lógica de que tudo vai acontecer da mesma forma. As coisas mudam, as relações que estabelecemos se transformam. Superamos nossos limites e conseguimos ampliar a eficiência da vida em sociedade. Muitas mudanças ocorreram nos últimos cem anos. Isto é fato, por isso, não vamos viver a mesma coisa duas vezes.
Logo, peço. Já que todos têm a liberdade de se expressar, seja sábio e pense antes de dizer, antes de fazer da palavra dada uma denúncia de quem você é. O pensamento é reflexo, pode elevar o ser. O mal dito amaldiçoa e pode condenar pela boca quem tem a visão deturpada pela ignorância.
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