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Triste observar que o país reproduz ao longo do tempo uma história com uma lógica triste. Independente dos governos e governantes, independente das circunstâncias e contextos, há uma lógica perversa. A permanência de determinados interesses e mandos em detrimento da representação e solução para os problemas do país.
Como nós vivemos de promessa. Não é atoa que a religiosidade é um ponto forte na formação brasileira. Das crenças, todas estão sempre a procura de algo divino venha nos salvar. Se prega que nosso sofrimento tem um propósito e que as dores que passamos serão recompensadas no além-túmulo.
Também existe a retórica que somos o país do futuro. Um futuro que nunca chega. Contudo, se mantém a promessa. Na boca dos líderes das mais diferentes e aparentes correntes ideológicas, o amanhã será melhor.
A pandemia aprofundou nossos velhos problemas. Se sofremos com a mais de 600 mil mortes, e isso é fato, sofremos já há muito tempo com a morte lenta que condena o futuro de muitos. Morrer para alguns é uma questão de tempo.
Precisamos romper com esta lógica que se mantém e parar de ficarmos considerando que há uma esperança em alguém, alguma pessoa, um “eleito”, o escolhido que venha nos salvar. O problema do hábito é que ele se passa despercebido e faz uma anormalidade parecer normal. Perceba, muitas coisas que tratamos hoje como natural, aceitamos calados, é agressão consentida e tem um preço caro em nossas vidas.
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