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O Século XX gerou uma mudança no conceito do que é a informação de massa. A relação entre informação e intensidade da comunicação foi revolucionária com o aparecimento do rádio e posteriormente da televisão. Os meios de comunicação deixaram de ser algo a ser buscado, como no Século XIX, jornal impresso e cinema, para ser um companheiro diário.
Nesta companhia constante, ele se tornaria mais particular. Estaria preocupado com o perfil do ouvinte e telespectador. Reformular constantemente as estratégias para atingir um público maior. Se espraia na proporção em que cria ferramentas de comunicação mais dinâmica. A participação do ouvinte e telespectador se tornaria uma realidade. Uma interação que teria como meta a fidelidade.
Há que se ressaltar que a informação ganhou o conceito de produto. Assim como na Sociedade de Consumo a intensidade do novo desejado constantemente atingiu os meios de comunicação. Se descarta a informação, ela tem prazo de validade curta. Se carrega de inúmeros processos seletivos de acesso com o aumento de editoriais e de canais especializados.
Se quer saber, mas em muitos casos, não se quer apreender, apenas saber. Um saber descomprometido e temporário. Em grande maioria, a informação que se deseja não se pretende armazenar como um documento avolumado que enche as prateleiras. Os recortes de jornais e revistas, mesmo as páginas fotocopiadas, que já foram os clipagens das assessorias, se dispensa com o armazenamento em um comutador em forma de bits.
Isto não significa o abandono para alguns, poucos, da aquisição do livro, de ter o jornal e a revista impressa. Muitos ainda saboreiam o passar das páginas, a sensação de ter o conteúdo sequestrado nos objetos. A possibilidade de ler e reler, anotar e refletir com vagar. Porém, a grande massa não tem mais o tempo e sim encaixa a informação em um lugar adaptado ao interesse imediato. Se o que se informa de forma deteriorada não vier em uma embalagem atrativa esteticamente, ela não ter atenção.
Não por acaso, há uma série de estratégias que mudam constantemente com receitas de postagem de materiais dos mais diversos. Orientações para o sucesso nas redes sociais. Conteúdos que o mercado consumidor que se ver, reconhecer, se alimentar se ficar digerindo e com um sabor suave de sensações. Neste ponto, o conteúdo se transformou em produto industrializado, multiprocessado. Mais preocupado com o que o espectador e ouvinte consome com os sentidos do que o conteúdo.
Logo, diante destas considerações, o velho não morre, mas o novo se propaga e ocupa todos os espaços possíveis. A compreensão fácil de terminada informação vem com um perigo, comprometer a complexidade adaptando-a às limitações de quem deseja acessá-la. Os “novos tempos” tem também o seu “emburrecimento”.
Neste mundo do stand-up, palavra que ganhou inúmeros significados, associada muitas vezes ao humor e os humoristas que fazem no improviso a piada. A tragédia ganha esta condição. As emissoras de tv e mesmo as de rádio, assim como as imensas quantidades de plataforma on-line, se utilizam da postagem do agora, do já, do que se chama de ultra realidade.
O ser humano comum produz a informação e a divulga. Se ganha notoriedade, independente da informação, se for relevante e gerar impacto, pode ser conteúdo divulgado em uma grande rede de informação. O celular e sua câmera, nas mãos do ser humano comum, passa a ser um produtor de conteúdo contumaz. Quem não conhece os que sempre estão usando da ferramenta pessoal de captura para publicar.
O isolamento e a convivência geram a sensação de lugar comum. Estar sozinho ou acompanhado não impede de estar “conectado”. O drama pessoal pode ganhar notoriedade coletiva. Aquilo que se dividia em quatro paredes, que um dia já foi a intimidade, se torna uma invasão de privacidade. Pode ser uma denúncia eficiente contra a violência doméstica e, na mesma proporção, a exposição indevida da privacidade.
Quantos processos já ganharam corpo no Poder Judiciário na busca de retratação. Também, quantas imagens que denunciaram a corrupção, os maus-tratos e a transgressão não se tornaram públicas graças a produção das ferramentas particulares de comunicação. Na medida em que os conteúdos da vida privada ganha público, as controvérsias e discórdias se avolumam na mesma proporção.
Aqui vale lembrar de Zygmunt Bauman ao discutir a permanência física dos seres humanos em sua comunidade e a fronteira que se expande no contato com outros mundo dentro do ambiente virtual. Desejamos ser além do lugar, podemos admirar o que não está a nossa volta. Contudo, a vida na comunidade local e fundada em um tempo de existência material não pode ser negado.
Por isso, muitos acontecimentos locais fogem a dimensão do mundo interligado em rede. Há ainda locais distantes desta convivência constante e desconhecido. Eles podem se tornar objetos de divulgação, mas não de interesse. Se se tornam desinteressante, vivem o seu ostracismo.
Aqui vale o acesso a este conteúdo em áudio, sobre os benefícios e malefícios da exclusão digital.
As mudanças nos meios de comunicação tem um contexto social e econômico. A consolidação da economia mundial, do capital planetário e da fábrica mundial. A construção de uma rede de produção interligada por um sistema de comunicação eficiente. Ele dá suporte a uma eficiência proporcional no processo produtivo e na integração de cadeias de insumos, transformação, produção e consumo de bens.
A simbologia passa a representar a realidade das coisas e dos serviços disponíveis. Aquilo que se deseja está anunciado. A mídia reformula a comunicação publicitária. Se abandona a funcionalidade dos objetos, dos serviços a serem prestado, se fala agora de uma sensação na aquisição, uso e apropriação.
A arquitetura e o marketing andam casadas com a comunicação. Os lugares precisam nos dar uma sensação fantástica de uma existência. Mais do que viver a condição e ter a sensação de ser. Cai no trivial o funcional. Quero ser surpreendido! Esta é a frase que se impõe a quem deseja ter “um lugar ao sol” no mercado.
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